Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Temor sobre Espanha é o maior em 13 anos

BC estima 3º tri de retração do PIB, e títulos da dívida pública alcançam maior patamar desde a criação do euro

Órgão de regulação do mercado local proíbe operação de caráter especulativo adotada por grandes fundos

DE LONDRES

A Espanha sofreu com a desconfiança dos mercados e viu seus títulos de dívida pública alcançarem o maior valor desde a criação do euro, em 1999, após o BC local divulgar que a economia encolheu entre abril e junho, o terceiro trimestre consecutivo de contração.

O Banco da Espanha prevê uma queda de 0,4% do PIB no segundo trimestre deste ano em relação ao trimestre anterior, expandindo o período de recessão (caracterizado por ao menos dois trimestres seguidos de contração econômica).

O dado oficial sairá na próxima segunda-feira.

No primeiro trimestre de 2012, o PIB espanhol sofreu queda de 0,3% em relação ao último trimestre de 2011.

A Espanha vive o seu "segundo mergulho" na recessão, e a economia está distante do patamar de antes da crise, em 2009.

A desconfiança sobre o futuro do país fez ontem os juros dos títulos da dívida pública da Espanha com vencimento em dez anos chegarem ao valor recorde de 7,48% -bem além da fronteira de 7%, que é considerada insustentável por analistas.

Quanto mais altos os juros, maior o temor dos mercados de que o país não conseguirá cumprir suas obrigações financeiras.

Os mercados temem que, após acertar um pacote de ajuda de até € 100 bilhões (R$ 246 bilhões) para o setor bancário na semana passada, o país seja obrigado a recorrer a um resgate de toda a sua economia -como já aconteceu com Irlanda, Portugal e Grécia.

O ministro da Economia, Luis de Guindos, declarou que os altos juros refletiam a "irracionalidade dos mercados" e negou que a Espanha será resgatada, "porque é um país competitivo e que pode crescer a médio prazo".

Para lidar com essa situação, o órgão de regulação dos mercados da Espanha proibiu ontem por três meses as vendas a descoberto (operações de caráter especulativo e que são praticadas por fundos de alto risco).

A Itália também anunciou a proibição de operações desse tipo, mas apenas para ações de bancos e seguradoras e com prazo menor: até o fim desta semana.

As principais Bolsas europeias encerraram o dia de ontem em queda. No Brasil, a Bovespa caiu 2,14%.

A Espanha tem o maior índice de desemprego da zona do euro: 24,6% em maio.

Recentemente, o governo do premiê Mariano Rajoy anunciou um novo pacote de austeridade para reduzir o deficit orçamentário do país, com medidas impopulares.

Entre elas, estão o aumento do imposto sobre valor agregado, de 18% para 21%, e o fim dos bônus de Natal para funcionários públicos.

A agência oficial de estatísticas da União Europeia mostrou ontem que a dívida média dos governos da zona do euro em relação ao PIB subiu de 87,3% no quarto trimestre do ano passado para 88,2% no primeiro trimestre de 2012, sinal insatisfatório para os que advogam maior austeridade fiscal para o continente. (RODRIGO RUSSO)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.