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Senador a quem o Brasil deu asilo acusa Morales de 'abuso de poder'

Roger Pinto está na embaixada brasileira em La Paz; presidente boliviano lhe nega salvo-conduto

Acusado pela Justiça de seu país, Pinto afirma ser perseguido político; Itamaraty não comenta crítica, feita em carta

DE SÃO PAULO
DA AGÊNCIA FOLHA

Instalado desde maio na Embaixada do Brasil em La Paz, o senador boliviano Roger Pinto acusa o presidente Evo Morales de "abuso de poder" e de ignorar denúncias feitas por ele que supostamente ligam integrantes do governo ao narcotráfico.

As declarações do senador estão em carta divulgada por seus colegas opositores ontem e devem acrescentar mais combustível ao impasse envolvendo a permanência do político em uma sala da representação brasileira.

A manifestação de Pinto -que, em tese, deveria se manter fora do debate público enquanto hóspede da embaixada- ganhou amplo destaque na imprensa boliviana.

Questionado sobre o tema, o Itamaraty informou que não comentaria a carta.

O senador, que responde a 20 processos na Justiça boliviana e se diz perseguido político, afirma que entregou a carta à oposição para que fosse repassada a Morales.

Procurado pela Folha, ele não quis dar entrevista.

SALVO-CONDUTO

Pinto recebeu asilo político do Brasil em junho, mas depende de um salvo-conduto expedido pelo governo Morales para deixar a Bolívia.

La Paz entregou um documento ao Brasil que nega a permissão de saída ao opositor, mas, até a semana passada, o Itamaraty não dava a questão por encerrada e dizia que as negociações com o governo Morales prosseguiam.

Um dos argumentos da diplomacia brasileira para convencer Morales é o de que seria mais vantajoso para o governo mantê-lo fora da Bolívia, sem atividade política.

"Pode me negar o salvo-conduto e com isso manter-me privado de movimento, mas nada poderá me impedir de ser autenticamente livre", escreveu Pinto a Morales, na carta com data de ontem.

No texto, o senador diz ter sabido da recusa da Bolívia em conceder o salvo-conduto "horas atrás".

"A constatação de que altos funcionários do seu governo participam de negócios escusos é um marco vergonhoso para o seu governo e injusto para todos os bolivianos", prosseguiu.

Na carta, o senador pede uma nova política contra as drogas, mas também uma "anistia geral como base da reconciliação nacional".

A prolongada permanência de Pinto na embaixada em La Paz é mais um contratempo na relação bilateral. Na semana passada, a ministra das Comunicações boliviana, Amanda Dávila, "deplorou" as declarações do embaixador do Brasil em La Paz, Marcel Biato, pedindo para "resolver" a questão do asilo.

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