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Opinião

Tarefa é apressar fim do regime, e não lamentar seu desaparecimento

DAVID GARDNER
DO "FINANCIAL TIMES"

Quando uma ditadura não consegue retomar o controle sobre um país em revolta há 16 meses; não consegue policiar as regiões rurais; não consegue proteger a capital e nem mesmo seus palácios... ela está acabada.

É o caso da ditadura de Bashar Assad, que continua a matar em um esforço para escapar à crise, enquanto rebeldes mal armados varrem as cidades sírias e seus partidários escapam.

O atentado a bomba que os insurgentes realizaram na semana passada contra o gabinete de segurança de Assad em Damasco foi devastador.

O atentado não representa uma virada do jogo, por si só. Os Assad ainda detêm poder de fogo bastante superior.

Mas o poder simbólico do ataque é irresistível. Além do grande número de deserções no Exército sírio, o regime agora precisa enfrentar informantes que infiltraram seus escalões de comando. Agora, são Assad e seus comparsas que se sentem acuados.

Os rebeldes ganharam ímpeto desde o segundo trimestre. Determinar que volume de combate ainda está por vir depende da coesão de um regime em recuo.

Quando o regime cair, há a preocupação natural quanto ao que virá a substitui-lo. Porém, é preciso evitar atitudes que o encorajem a continuar lutando.

A tirania que exerce há 42 anos era um valor conhecido em uma região perigosamente instável. Há quase quatro décadas não ocorrem combates nas colinas de Golã, que Israel capturou da Síria em 1967, resultando no contra-ataque sírio de 1973.

Mas isso não deve nos cegar para a brutalidade que os Assad empregam contra seu povo agora, ou nos levar a esquecer o que eles fizeram no Líbano e Iraque no passado.

Posando como "o coração do arabismo" e fulcro de um eixo de resistência a Israel, a Síria sempre esteve disposta a lutar -até a última gota de sangue palestino ou libanês.

A tarefa agora é apressar o fim do regime, e não lamentar seu desaparecimento.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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