Grécia vai sair do euro e desconfiança vai crescer, diz economista

O professor de economia e ciência política Barry Eichengreen está pessimista com o futuro da economia mundial.

O agravamento da crise de confiança na Europa com o que ele vê como a provável saída da Grécia da zona do euro é a pior de suas expectativas, mas não a única ruim.

Os EUA continuam com dificuldade na regulamentação do sistema bancário, e os mercados emergentes ainda não dão conta de puxar o crescimento mundial como se esperava há poucos meses.

Eichengreen, que leciona na Universidade de Berkeley e faz palestra para convidados hoje no iFHC, em São Paulo, está revendo seu livro "Privilégio Exorbitante" (Campus, 2011).

"Ninguém que escrevesse há dois anos imaginaria quão incompetentes seriam os esforços da Europa em lidar com a crise", disse à Folha.

Para o economista, o problema vai além da economia. "Há uma piora da confiança política na Europa: os países não confiam uns nos outros, e a população não confia nos governos, o que torna difícil implementar as políticas econômicas necessárias."

Ele antevê a saída da Grécia do euro, com consequências drásticas. "Os investidores vão se perguntar qual é o próximo, e a falta de confiança será um problema duradouro. Duvido que seja um processo 'administrável."

também se diz "cínico" sobre os EUA, onde a regulamentação financeira tropeça na influência dos bancos.

"Gostaria de ver os grandes bancos quebrarem e a reinstituição adequada da Lei Glass-Steagall [para conter a especulação, revogada em 1999]. Mas sou cínico demais para acreditar que isso aconteça na minha geração."

Sobre os emergentes, diz que "o 'hype' foi excessivo" ("nenhuma economia cresce a 10% ao ano para sempre") e faltou profilaxia. "Países como o Brasil poderiam ter feito mais contendo o gasto público e o endividamento público, para poderem hoje incentivar o gasto doméstico."

Leia a íntegra da entrevista

folha.com/no1125293