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Economia dos EUA perde força e faz crescer desconfiança

PIB tem alta de 1,5% no 2º trimestre, refletindo cautela nos gastos de consumidores e empresas norte-americanos

Melhora da economia é desafio para o sucesso de Barack Obama na sua tentativa de se reeleger em novembro

DE WASHINGTON

Os EUA cresceram mais lentamente no segundo trimestre deste ano, refletindo a desconfiança ante a economia que levou o consumidor a gastar menos.

De março a junho, na taxa anualizada, o PIB teve alta 1,5%, informou o Birô de Análise Econômica ontem.

O número é a primeira estimativa oficial e será revisado em agosto, quando mais dados sobre a economia estarão disponíveis.

Nos primeiros três meses deste ano, o Produto Interno Bruto norte-americano avançou 2% na taxa anualizada.

"A desaceleração reflete primariamente a desaceleração dos gastos de consumo, a aceleração das importações e a desaceleração dos investimentos residenciais e não residenciais, além de leve queda no gasto do governo", disse o birô em relatório.

O crescimento morno já estava assimilado pelos mercados após uma série de dados apáticos nos últimos meses sobre emprego, produção industrial e construção civil.

Alguns economistas esperavam crescimento ainda menor, e o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York fechou em alta de 1,5%, puxada pela perspectiva de medidas anticrise na Europa.

Ainda assim, o número traz nuvens ao horizonte econômico e político americano.

Coloca também em dúvida a projeção do Federal Reserve (Banco Central dos EUA) de que o país cresceria de 1,9% a 2,4% no ano -estimativa já reduzida em junho- e alimenta a expectativa de novas ações, no curto prazo, para estimular a economia.

O consenso dos economistas é que, para reduzir a taxa de desemprego, hoje em 8,2%, o PIB da maior economia global precisaria avançar pelo menos 3%.

O mercado de trabalho é o principal fator a minar a confiança do consumidor, que, por sua vez, freia os gastos e, assim, a produção.

De acordo com o birô, os gastos de consumo no segundo trimestre avançaram 1,5% na comparação anual, após alta de 2,4% no início do ano. Foi o menor aumento em um ano, mostrando que o consumidor está temeroso.

A compra de bens duráveis caiu 1% -sinal de cautela.

As importações também cresceram (6%, ante 3,1% no trimestre anterior), já as exportações avançaram 5,3%, 0,9 ponto percentual menos que de janeiro a março.

Embora não se espere deterioração, o presente cenário é de vulnerabilidade.

Com esse nível de crescimento, uma piora da crise na Europa reverberaria nos EUA, e a esperada contração dos gastos públicos e privados no início do próximo ano, com o corte nas despesas do governo e o possível aumento dos impostos caso o Congresso siga patinando, pode empurrar o país de volta à recessão.

O saldo político seria negativo para o presidente Barack Obama, que tenta se reeleger em novembro. A economia e questões correlatas são a maior preocupação de 73% dos eleitores, segundo levantamento do Gallup em junho.

(LUCIANA COELHO)

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