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Rebeldes criam 'área liberada' em Aleppo

Após matar líder de milícia ligada à ditadura de Bashar Assad, insurgentes tomam regiões da maior cidade da Síria

Suspeita de que haja agentes infiltrados entre os insurgentes tornava o clima pesado ontem entre rebeldes

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A TAL RAFAT (SÍRIA)

Enquanto travavam ontem o 11º dia de combate pelo controle de Aleppo, a maior cidade da Síria, rebeldes impunham vitórias estratégicas.

Entre os avanços, insurgentes ocuparam prédios públicos, incluindo duas delegacias no distrito de Salhin.

As forças rebeldes, que lutam contra o regime do ditador Bashar Assad desde março de 2011, criaram assim uma zona de "territórios liberados" em formato de lua crescente.

O território circunda o sul da cidade antiga de Aleppo e foi estabelecido ontem após outra das vitórias dos insurgentes -o assassinato de Zino Barri, chefe local da "shabiha" (fantasma), a truculenta milícia leal a Assad.

De acordo com o rebelde Muhammad, 21, um grupo de 22 insurgentes passava pelo território controlado por Barri, após um acordo de que não haveria agressões mútuas.

Surpreendidos com o ataque de metralhadoras, granadas e fuzis, os rebeldes revidaram. "Perdemos muitos combatentes logo no começo", relata Muhammad.

Os combates duraram sete horas, após as quais Barri foi capturado e morto. Houve dez baixas entre os rebeldes.

No funeral acompanhado pela Folha em Tal Rafat, a comunidade local se revezava para segurar os corpos, dispostos em macas, gritando "Allah akbar" (Deus é maior).

A derrota de Barri é importante porque levou à desobstrução de uma ponte que ele até então controlava, impedindo o avanço da insurgência.

O chefe da "shabiha" local era um dos homens mais temidos de Aleppo e liderava um clã de cerca de cem homens, controlando um exército particular e se gabando de ser o "dono de Aleppo".

A suspeita de que haja agentes infiltrados entre os rebeldes tornava o clima no norte sírio, ontem, carregado de temor e desconfiança -com o agravante de ainda haver um bolsão de "shabiha" e franco-atiradores dispostos em telhados das casas.

Havia a previsão de uma grande ofensiva dos rebeldes ontem à noite para avançar além do bairro de Salahadin.

EMERGÊNCIA

A Rússia, que vetou as últimas resoluções contra a Síria no Conselho de Segurança da ONU, reconheceu ontem formalmente que o país árabe vive em "estado de emergência ou conflito armado".

A mudança de status foi publicada no site do governo russo, em que a Síria ocupava até então a posição de "país com situação complicada".

A Síria também esteve na pauta dos EUA e da Turquia. O presidente Barack Obama e o primeiro-ministro Tayyip Erdogan discutiram por telefone como acelerar a transição política no país.

A conversa entre Obama e Erdogan incluiu a perspectiva de o ditador Bashar Assad "deixar a administração", segundo nota divulgada ontem pelo governo turco.

A ligação telefônica foi feita anteontem e teve duração de 36 minutos.

Fontes ligadas ao Departamento de Estado e ao Tesouro norte-americano afirmaram à rede de TV CBS que o regime de Assad está ficando sem recursos para manter a luta contra a insurgência.

O canal cita fontes sírias para afirmar também que o país tem dinheiro e ouro suficientes para manter o conflito por mais seis meses.

O governo do Reino Unido afirmou ontem que o prolongamento da guerra civil atrairá jihadistas para a Síria para preencher o vazio criado pela insurgência.

Segundo ativistas locais, 87 pessoas morreram ontem na Síria, 22 delas em Aleppo.

Com agências de notícias

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