Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Análise Conflito vira guerra "por procuração" alimentada pelas potências regionais SAMIA NAKHOULDA REUTERS Após quase 17 meses de revolta contra a ditadura de Bashar Assad, o conflito está se convertendo numa guerra regional "por procuração" entre islâmicos sunitas e xiitas, que pode rachar a Síria em divisões sectárias, a não ser que surja uma liderança rebelde unificada como oposição digna de crédito. Poucos observadores da Síria enxergam qualquer sinal de uma oposição preparada para comandar o país se ou quando Assad e seu clã perderem o controle geral. Alguns temem um "pega para capar", em que grupos armados de diferentes origens sectárias e ideológicas lutam pelo domínio do território, convertendo o país em colcha de retalhos que condenará o Estado à falência. Com o xiita Irã por trás de Assad, enquanto a Arábia Saudita e outros países sunitas apoiam os rebeldes, a Síria poderá virar a arena em que a guerra fria regional entre sunitas e xiitas vai se converter em uma guerra civil sem fim à vista, com o potencial de desestabilizar Líbano, Turquia, Iraque e Jordânia. Observadores atentos dizem que o perigo real é de uma guerra civil prolongada e muito sangrenta e de uma luta sectária exacerbada pela ausência de uma oposição unificada e digna de crédito. A oposição no exílio, representada pelo Conselho Nacional Sírio (CNS), está repleta de rivalidades ideológicas e religiosas que criam obstáculos à sua tentativa de criar uma alternativa política. Embora o CNS tenha agido como voz internacional da oposição, comandantes rebeldes na Síria dizem que o grupo tem pouco contato com o que ocorre no país. As divisões da oposição são visíveis nos comunicados contraditórios sobre como lidar com o conflito. Enquanto alguns grupos pedem mais armas, outros pedem uma solução negociada. O quadro geral está ficando mais tenebroso. A autoridade do Estado está se desintegrando aos poucos. Muitas áreas estão fora do controle governamental, o regionalismo toma o lugar da unidade nacional e multiplicam-se os grupos rebeldes com agendas e lideranças muito díspares. A maioria dos analistas concorda que não existe nenhum "cenário feliz" possível e que as chances de uma solução negociada sob a égide de Kofi Annan, o enviado da ONU, são inexistentes. Sem qualquer disposição ocidental para uma intervenção militar e sem perspectivas de uma solução política internacionalmente mediada, muitos veem a guerra civil se disseminando e dilacerando o país. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |