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Egito forma gabinete incluindo ex-ministro do ditador Mubarak

Hussein Tantawi mantém Ministério da Defesa; Irmandade Muçulmana recebe quatro pastas

Partido radical islamita Al Nur anuncia boicote contra o novo governo, após receber apenas um ministério (Ambiente)

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As autoridades egípcias anunciaram ontem a formação do novo gabinete do país, com 35 ministros. É o primeiro ministério desde a posse do atual presidente, Mohamed Mursi, ex-membro da Irmandade Muçulmana, que assumiu o cargo em junho.

Havia temor entre a parcela secular da população sobre o controle excessivo dos islamitas. A Irmandade Muçulmana recebeu quatro pastas, entre elas o estratégico Ministério da Informação, que supervisiona a mídia estatal.

Boa parte do restante do gabinete egípcio, formado sob a promessa de representar toda a população, é composta por tecnocratas. Sete dos ministros mantiveram seus cargos.

Central no novo governo é a manutenção de Hussein Tantawi, chefe da junta militar e ministro da Defesa do ex-ditador Hosni Mubarak por duas décadas -o que dá mostras do quanto os militares ainda detêm poder no país.

A indicação de Tantawi, como sinal de continuidade do regime, é balanceada pela nomeação do ativista Ahmad Mekky para a Justiça. O atual governo tem travado forte embate com os juízes.

FEMININO

Analistas estavam atentos também para o número de mulheres no novo gabinete do Egito. Há duas ministras, e uma delas é cristã copta.

São nomeações isoladas que sinalizam, para os especialistas, o fracasso do governo em incluir minorias já excluídas da participação política nas três décadas da ditadura de Hosni Mubarak.

Também ficaram de fora os manifestantes jovens que, nos protestos feitos na praça Tahrir, conseguiram expulsar o ditador do poder em 2011.

O partido radical islamita Al Nur, que apoiou a candidatura de Mursi à Presidência, decidiu boicotar o novo governo egípcio após ter recebido apenas a pasta do Ambiente, segundo porta-voz.

Hisham Qandil, primeiro-ministro apontado por Mursi, defendeu ontem o gabinete, afirmando que o critério de escolha para os ministros foi experiência, e não política.

"Precisamos parar de usar termos como 'eles' e 'nós' [e de dizer] 'é um cristão, um copta, um muçulmano'. Tudo o que vejo são egípcios."

Em meio à tensão política, o premiê Qandil insistiu ontem em que a população apoie o novo governo.

O momento é delicado, com preocupação no país a respeito da segurança, da violência sectária e do descontentamento popular motivado, entre outras razões, pela falta de água e de energia.

Ontem, uma multidão invadiu um hotel de luxo nas proximidades do rio Nilo, no Cairo, destruindo o lobby e ateando fogo a dez carros.

As forças de segurança mataram uma pessoa, segundo uma fonte ligada ao governo.

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