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Análise

Cauteloso, Rajoy é obrigado a adotar uma nova franqueza

MILES JOHNSON
DO “FINANCIAL TIMES”, EM MADRI

Dizem que Mariano Rajoy é um político tão cauteloso que nem se permite pensar em anúncios próximos, para não haver risco de vazarem.

Mas ontem o premiê, nascido na Galícia -onde, segundo os estereótipos espanhóis, os habitantes são tão impenetráveis que quem encontra um na escada "não sabe se está subindo ou descendo"-, pareceu romper o hábito de toda uma vida.

Foi a primeira vez em sete meses no poder que Rajoy não rejeitou terminantemente a ideia de um resgate, o que, segundo seus observadores regulares, é uma mudança notável de discurso.

"Ficou claro que Rajoy quer preparar a população espanhola para um resgate. A cada dia, isso se aproxima um pouco mais", avaliou o economista Edward Hugh.

Segundo Antoni Gutierrez-Rubi, autor do blog Micropolítica, o premiê, que empregou o termo "injusto" várias vezes no seu discurso, enfatizou que "não está disposto a empreender mais reformas para obter a ajuda que ele crê que a Espanha merece".

Para as autoridades de Madri, a Espanha "já fez sua lição de casa", mas continua a ser deixada à mercê dos mercados, enquanto as autoridades europeias, especificamente o BCE, não dão a Rajoy o tempo de que ele precisa para fazer suas reformas.

Quando o presidente do BCE, Mario Draghi, fez o anúncio de que os países interessados em assistência terão de encaminhar um pedido formal, Madri considerou que ele estava jogando a bola para fora do campo do banco central e diretamente para o campo da Espanha.

Ao avisar simplesmente que vai aguardar maiores detalhes, Rajoy espera ter rebatido a bola e que isso lhe dê o tempo de que necessita. Para a Europa, o risco é que nenhum dos dois lados dê o passo decisivo, levando os mercados a entrar em pânico.

Tradução de CLARA ALLAIN

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