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Crítico de arte popular e ferino, Robert Hughes morre aos 74

Lendário por estilo ácido e irônico, australiano vivia em Nova York

J. L. Pino - 14.mar.05/Efe
O crítico Robert Hughes, morto ontem
O crítico Robert Hughes, morto ontem

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Famoso por seu humor corrosivo e suas ideias iconoclastas, morreu ontem em Nova York, aos 74 anos, Robert Hughes, crítico de arte australiano considerado um dos maiores pensadores contemporâneos da arte. Os motivos da morte, após longa enfermidade, não foram divulgados.

Hughes produziu "The Shock of the New" (o choque do novo), aclamada série de documentários sobre o advento da arte moderna que foi ao ar na rede britânica BBC, vista por 25 milhões.

Ele também escreveu ensaios influentes sobre artistas como Goya, Lucian Freud e extensas críticas, muitas delas destrutivas, sobre nomes como Andy Warhol, Jeff Koons e Jean-Michel Basquiat.

Segundo Hughes, a arte de Koons foi tão "super-exposta que não perdia nada sendo reproduzida nem ganhava nada quando vista ao vivo". Para ele, Koons era o "bebê da Rosemary de Warhol".

Já o artífice da arte pop, na sua visão, era "[Jean] Genet em tinta", um artista alvejado pela celebridade. Basquiat, o grafiteiro discípulo de Warhol, não escapou de sua acidez nem depois de morto. Hughes titulou seu obituário do artista de "réquiem para um peso-pena".

Warhol e Gilbert & George, quando comparados a seu ídolo Lucian Freud, eram como "abutres que infestam as matas estilosas de um pós-modernismo já putrefato".

Esse estilo rendeu fama inusual a um crítico de arte. Hughes chegou a ser cotado para apresentar o popular jornalístico da televisão norte-americana "20/20", mas foi descartado após um teste.

Nas últimas décadas, tornou-se mais crítico à arte, que passou a ver como um brinquedo do mercado, e a artistas como Jeff Koons e Damien Hirst.

Em 1999, dirigindo do lado errado de uma estrada na Austrália, Hughes se envolveu num acidente que quase lhe custou a vida. Desde então, tornou-se mais reservado, embora seja considerado pelo crítico Jonathan Jones, do jornal londrino "The Guardian", "o maior crítico de arte dos nossos tempos".

Hughes deixa a mulher e dois enteados.

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