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Julgamento mobiliza classe política chinesa

Começa hoje juízo de Gu Kailai, mulher de ex-líder comunista Bo Xilai; acusada de assassinato, pode ser condenada à morte

Processo, que corre sob máxima segurança, ocorre a poucos meses da troca do comando no Partido Comunista

17.jan.2007/Reuters
A advogada Gu Kailai e seu marido, o líder político expurgado Bo Xilai, em foto de 2007
A advogada Gu Kailai e seu marido, o líder político expurgado Bo Xilai, em foto de 2007

DE PEQUIM

A China inicia hoje o julgamento da advogada Gu Kailai, mulher do líder político expurgado Bo Xilai e acusada de matar o empresário britânico Neil Heywood.

O caso ganhou proporções de crise política ao envolver um dos principais nomes do Partido Comunista no momento em que o país prepara a transição da sua cúpula.

Tudo indica que Gu será condenada num julgamento rápido, o mais importante dos últimos 30 anos.

Nos últimos meses, informações vazadas à imprensa a descrevem como infiel ao marido e mentora de esquema de lavagem de dinheiro.

Pelo menos dois jornais relataram que ela já teria confessado o assassinato.

Recentemente, a agência oficial de notícias da China, Xinhua, disse que as provas contra Gu e Zhang Xiaojun, seu guarda-costas, eram "irrefutáveis e substanciais".

A estatística tampouco favorece Gu, presa desde abril: 98% das audiências judiciais terminam em condenação, que, no seu caso, pode chegar à pena de morte.

Para piorar, seus dois advogados foram indicados pelo Estado e têm pouca experiência criminal. A expectativa é a de que o julgamento seja concluído no máximo até amanhã.

O processo corre em Hefei, cidade industrial a centenas de quilômetros de Chongqing, megalópole que Bo Xilai comandava até março. O motivo, segundo analistas, é evitar qualquer influência ou protesto por parte de simpatizantes do líder político.

Bo está mantido numa espécie de prisão domiciliar desde abril, mas não é réu no processo.

Heywood teria sido morto em novembro por envenenamento por causa de desavença com a família Bo em torno de uma transferência ilegal de dinheiro ao exterior.

"Gu provavelmente receberá uma sentença de morte sujeita a dois anos de adiamento de execução, uma punição única da China que é convertida à prisão perpétua caso o acusado não cometa intencionalmente outro crime durante esse período", escreveu na semana passada o professor da Universidade de Nova York Jerome Cohen, especialista em direito chinês.

POUCO INTERESSE

O julgamento de Gu, até agora, não está chamando tanto a atenção da opinião pública chinesa, mais voltada para a Olimpíada.

O assunto não está nem sequer entre os dez temas mais procurados de ontem do principal site de buscas no país, o Baidu.

(FABIANO MAISONNAVE)

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