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Paraguai diz que não 'cederá' energia a Brasil

Depois de declarar não estar mais disposto a vender excedente de Itaipu, presidente Franco nega quebra de acordo

Segundo assessor, ideia é aumentar consumo com industrialização; para o Brasil, ameaça visa público interno

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA

Após ver seu governo ser suspenso do Mercosul por Brasil, Argentina e Uruguai, o presidente paraguaio, Federico Franco, declarou ontem não estar mais "disposto a ceder energia" para aos dois primeiros.

O mandatário anunciou ainda que enviaria, até dezembro, um projeto de lei ao Congresso para que o governo que o suceder não venda mais a energia excedente do país para os dois vizinhos.

As informações constam em nota divulgada pelo Palácio de López em seu site.

"A decisão do governo é clara: não estamos dispostos a continuar cedendo nossa energia. E reparem que uso a palavra 'ceder'. Porque o que estamos fazendo é ceder ao Brasil e à Argentina, nem sequer estamos vendendo", afirmou Franco.

No entanto, horas depois, o diretor de Comunicação de Franco, Christian Vazquez, suavizou o tom. À Folha disse que as declarações não foram uma ameaça ao contrato que o país fechou com o Brasil em 1973.

Pelo acordo, o Brasil tem a preferência na compra da energia excedente -o Paraguai consome apenas 5% do que lhe corresponde na geração de Itaipu. A usina é responsável por 20% da energia consumida no Brasil.

Segundo o assessor, Franco só expressou sua vontade de fazer avançar o setor industrial do Paraguai. "Itaipu tem 20 turbinas -dez delas cabem ao Paraguai, mas nós só usamos uma. Se industrializarmos o país, vamos usar essa energia que não utilizamos hoje", disse.

Segundo Vazquez, o projeto que será enviado ao Congresso vai se concentrar no incentivo à industrialização.

Na avaliação do governo Dilma Rousseff, a ameaça é mais um discurso para o público interno do que uma medida a ser posta em prática.

O governo vai encarregar o Itamaraty de buscar esclarecimentos, lembrando a gestão vizinha que o Brasil, em 2011, aceitou corrigir o valor pago pela energia excedente e está ajudando a financiar uma linha de transmissão no Paraguai precisamente para que o país possa aumentar sua capacidade de consumo.

Para o governo Dilma, Franco tem de dar uma resposta à opinião pública, incomodada pelo isolamento que os países vizinhos impuseram a Assunção desde a deposição de Fernando Lugo.

A ameaça de Franco também vale para a usina de Yacyretá, que o país tem em sociedade com a Argentina.

(ISABEL FLECK, FLÁVIA MARREIRO E VALDO CRUZ)

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