Índice geral Mundo
Mundo
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Vendas da China têm menor alta em 6 meses

Com cenário externo ruim, exportação cresceu 1% em julho e aumenta pressão por novas medidas do governo

Com troca da cúpula do partido em novembro, analistas não preveem grandes ajustes neste ano na economia local

Aly Song/Reuters
Policiais trocam de turno diante do tribunal em que foi julgada Gu Kailai, mulher do líder político Bo Xilai, na China
Policiais trocam de turno diante do tribunal em que foi julgada Gu Kailai, mulher do líder político Bo Xilai, na China

DE PEQUIM

Contaminadas pelo cenário externo ruim, as exportações chinesas sofreram em julho a sua pior desaceleração em seis meses, com um avanço de 1% em relação ao mesmo período do ano passado.

O resultado abaixo do esperado deve provocar mais medidas de estímulo à economia por parte do governo.

As vendas para o exterior somaram US$ 176,9 bilhões no mês passado, uma forte desaceleração com relação ao crescimento de 11,3% de junho, segundo dados oficiais divulgados ontem.

As importações também perderam impulso, crescendo 4,7% (US$ 151,8 milhões) no mês passado em comparação com o mesmo período de 2011. Em junho, o aumento havia sido de 6,3%.

"Os dados de julho são realmente ruins", disse Zheng Yuesheng, responsável pela divulgação das estatísticas, à agência de notícias oficial Xinhua. "Será uma tarefa árdua cumprir a nossa meta de comércio exterior por causa da fraca demanda externa."

A meta oficial chinesa para este ano é de crescimento de 10% de seu comércio bilateral em comparação com 2011. Nos sete primeiros meses, porém, a alta foi de 7,1%.

No comércio bilateral com o Brasil, as tendências são diferentes: o crescimento nos sete primeiros meses é acima da média, chegando a 10,3%.

Nesse período, as exportações para o Brasil aumentaram 4,3%, enquanto as importações cresceram 13,9%.

Em julho, o comércio bilateral com o Brasil alcançou US$ 8,7 bilhões, com um deficit chinês de US$ 2,4 bilhões (o dado oficial do Brasil, com diferente metodologia, aponta vantagem brasileira de US$ 1,1 bilhão no período).

Para analistas, o fraco desempenho significa que o preço das commodities, principais itens da pauta de exportação brasileira para a China, dificilmente se recuperará no curto prazo.

"Os números mostram que, apesar das medidas de estímulo, não está havendo uma retomada do crescimento chinês", afirmou Liu Li-Gang, analista do banco ANZ.

"Dada a demanda chinesa por commodities na região, no curto prazo esse setor ficará bastante reprimido."

O fraco desempenho das exportações aumentou as previsões de que o BC chinês continuará adotando medidas para estimular a economia, como tem feito nos últimos meses, quando cortou duas vezes a taxa de juros.

Analistas, porém, não preveem grandes ajustes na economia neste ano, por causa da transição política. Até novembro, a cúpula do governo deverá ser trocada pela primeira vez em dez anos.

INFLAÇÃO

Grande vilã da economia no ano passado, a inflação acumulada dos últimos 12 meses ficou em apenas 1,8% no mês passado, a menor taxa em dois anos e meio.

A má notícia é que a taxa foi puxada para cima principalmente pelos alimentos. O aumento (de 2,4% em média) se deu principalmente pelos vegetais, afetados pelas chuvas que castigam boa parte da região produtora chinesa.

A expectativa é que a pressão inflacionária continue por causa da seca nos EUA, grandes fornecedores de alimentos para a China. (FABIANO MAISONNAVE)

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.