Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Britânico chantageava líder político, diz governo chinês

Após o julgamento rápido de Gu Kailai, mulher de Bo Xilai, autos do processo revelam detalhes da investigação

DE PEQUIM

Um dia depois do rápido julgamento de Gu Kailai, mulher do líder político expurgado Bo Xilai, ocorrido anteontem, foram divulgados detalhes do processo que a declarou culpada pelo assassinato do britânico Neil Heywood.

Segundo os autos do processo aos quais o jornal "Financial Times" teve acesso, Heywood havia recebido a promessa de obter de Gu o equivalente a R$ 411 mil por um investimento imobiliário.

Como o negócio não foi concretizado, o britânico passou a exigir 10% desse valor em compensação.

Em e-mail, Heywood teria ameaçado "destruir" o filho do casal, Bo Guagua, 24, que acaba de se formar pela Universidade Harvard (EUA).

Outra revelação foi a de que Wang Lijun, o ex-chefe da polícia que denunciou Gu, teria conspirado com ela antes do assassinato para preparar uma armadilha para Heywood. Uma das ideias era plantar drogas nos pertences do empresário.

Wang, que tentou um asilo político nos EUA após brigar com Bo Xilai, está preso desde fevereiro e deve ser julgado na próxima semana.

Quatro policiais de Chongqing confessaram ontem, durante outro julgamento, ter acobertado o assassinado de Heywood, cujo corpo não passou por autópsia e foi rapidamente cremado.

VENENO

Anteontem, Gu confessou ter envenenado Heywood com um copo de água misturada a cianeto de potássio num quarto de hotel de Chongqing.

"Eu aceitarei e enfrentarei calmamente qualquer sentença, e espero também uma decisão justa e limpa da corte", disse Gu, segundo a agência de notícias oficial Xinhua.

"Durante aqueles dias, eu sofri colapso nervoso após saber que meu filho estava em perigo", disse Gu. "A tragédia que provoquei não foi apenas para Neil como também para seus familiares."

Tanto Gu quanto os quatro policiais foram julgados em Hefei, a centenas de quilômetros de Chongqing, megalópole do sudoeste do país onde Bo Xilai era o chefe do Partido Comunista e ainda goza de bastante popularidade.

Embora os julgamentos já tenham terminado, os veredictos ainda não foram divulgados. Gu corre o risco de ser condenada à pena de morte.

O expurgo de Bo Xilai a meses antes da sucessão da cúpula do partido enterrou suas chances de conseguir uma das nove vagas do Comitê Permanente, órgão máximo na hierarquia chinesa.

Identificado com a ala mais conservadora do partido, ele ganhou fama por promover uma campanha contra a máfia em Chongqing e por resgatar símbolos do maoismo e da Revolução Cultural. (FM)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.