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Brasil rejeita negociar Itaipu com Paraguai

Assessor internacional de Dilma diz que ideia de Assunção de rever preço de energia "não está em consideração"

Para Garcia, declarações paraguaias são para "consumo interno" e desconsideram ajuda brasileira ao país

FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

O assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, descartou ontem que o Brasil volte a negociar o valor pago pela energia excedente de Itaipu que compra do Paraguai, como deseja o novo governo do país.

"Não está em consideração isso. Nós fizemos uma negociação muito importante, que sofreu restrições aqui no Brasil", disse Garcia em São Paulo após palestra na Fundação Getulio Vargas.

O assessor se referia a acordo fechado em 2009 -e aprovado no Congresso no ano passado, sob críticas da oposição ao governo Dilma- que triplicou o repassado pelo Brasil ao Paraguai, de US$ 120 milhões a US$ 360 milhões.

Em entrevista à Folha ontem, porém, o chanceler paraguaio, José Félix Estigarribia, disse que seu governo considera o valor insuficiente e que "está pronto" para seguir negociando a questão.

O ministro diz que essa é uma intenção do presidente Federico Franco, que nesta semana prometeu que o Paraguai vai parar de "ceder" energia ao Brasil e à Argentina, com quem também tem hidrelétrica binacional.

Garcia diz que as manifestações recentes do Paraguai, suspenso do Mercosul após a destituição-relâmpago de Fernando Lugo em junho, são para "consumo interno".

"É jogo de cena ou desinformação, não sei muito bem", disse.

Além do acordo de preço, o assessor cita como ação pró-Paraguai a construção de uma linha de transmissão ligando Itaipu à capital paraguaia, com financiamento brasileiro, que ajudará o país a melhorar seu abastecimento de energia, inclusive para indústrias. "Que querem mais que isso?"

Sob ataque na imprensa paraguaia, Garcia reiterou que, quando voltar ao Mercosul, Assunção não poderá questionar decisões tomadas pelo bloco no período de suspensão, em especial a adesão da Venezuela.

Ele classificou de "inacreditável" as críticas à entrada do país de Hugo Chávez ao bloco à revelia de Assunção.

Para Garcia, o bloco não poderia ser paralisado pela situação paraguaia. "Se amadurece o acordo com a União Europeia, nós não vamos poder fazer?"

O assessor de Dilma Rousseff defendeu ainda uma investigação internacional independente sobre o massacre de Curuguaty, conflito entre policiais e sem-terra que matou 17 paraguaios e foi um dos motivos listados pelo Senado para destituir Lugo.

"Uma averiguação internacional independente produziria muita luz sobre tudo que aconteceu no Paraguai nos últimos tempos. Muita."

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