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Paraguaio cogita referendo sobre seguir no Mercosul

Constituição do país, porém, veta consultas populares sobre política externa

Presidente Franco afirma que Brasil é "fundamental" para os paraguaios; Unasul mantém o país suspenso

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente do Paraguai, Federico Franco, aventou ontem a possibilidade de convocar um referendo para decidir se o país, suspenso do Mercosul, deve permanecer ou não no bloco, embora uma iniciativa do tipo seja proibida pela atual Constituição.

"Podemos convocar um referendo e podemos perguntar às pessoas o que querem nas eleições de abril que vem", disse Franco, em entrevista à rádio "La 970 AM".

O artigo 122 da Constituição do Paraguai veta a possibilidade de referendos sobre "as relações internacionais, tratados, convênios ou acordos internacionais".

Há pouco mais de um mês no poder, Franco tem intensificado a retórica contra os demais países do Mercosul, que consideram ilegítima sua Presidência -ele assumiu após o impeachment-relâmpago do então presidente Fernando Lugo, em 22 de junho.

Além do Mercosul, a Unasul (União de Nações Sul-Americanas) suspendeu o Paraguai do grupo. Ontem, em reunião em Lima, a Unasul ratificou a decisão, após avaliar os relatórios sobre a situação do país feitos pelas embaixadas em Assunção.

Franco disse que consideraria "uma promoção" ser expulso da Unasul e elogiou a OEA (Organização dos Estados Americanos), cujo relatório não recomendou punição.

TOM MAIS SUAVE

Apesar de falar em referendo, Franco escolheu tom mais suave ao falar do Mercosul. "Somos um país mediterrâneo [sem acesso ao mar], precisamos nos dar bem com nossos vizinhos, sobretudo quando são vizinhos poderosos", disse. "Economicamente falando, o Brasil é fundamental."

O Brasil é o principal sócio comercial do Paraguai, que destinou aos sócios do Mercosul como um todo 54,9% de suas exportações no primeiro semestre deste ano.

Por meio do fundo de compensações de assimetrias internas do bloco -o Focem-, o Brasil é quem financia a maior obra de infraestrutura em curso no Paraguai: a construção de uma linha de transmissão para levar energia da usina binacional de Itaipu para Grande Assunção.

Só com a obra será possível aumentar o uso da energia da hidrelétrica pelo país, outro alvo frequente da retórica de Franco, que na semana passada disse que seu país deixará de "ceder" o insumo a Brasil e Argentina, com quem o país também tem uma usina.

Ontem, o presidente disse que "daqui a pouco o Paraguai será a capital industrial da América do Sul", citando o projeto da gigante multinacional do alumínio Rio Tinto de se instalar no país, avaliado em US$ 4 bilhões.

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