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ASSANGE entre 4 paredes

Confinado na Embaixada do Equador em Londres, fundador do WikiLeaks sua na esteira e faz sessões de dança com amigos para superar o estresse

JILL LAWLESS
DA ASSOCIATED PRESS, EM LONDRES

Julian Assange está morando num edifício caro de um dos bairros mais elegantes de Londres. Isso não quer dizer que esteja vivendo no luxo.

O fundador do WikiLeaks, acostumado a viajar por todo o mundo, está confinado a um espaço de algumas dezenas de metros quadrados na embaixada do Equador.

Se sair, será detido pela polícia britânica e extraditado à Suécia onde responde a processo de agressão sexual.

Assange, 41, está há quase dois meses na embaixada do Equador, que anteontem lhe concedeu asilo. Mas o Reino Unido nega o salvo-conduto necessário para que ele deixe o edifício e embarque rumo ao país latino-americano.

A embaixada equatoriana consiste de um apartamento, com cerca de 10 aposentos, no pavimento térreo de um elegante edifício de tijolos no bairro de Knightsbridge.

Não dispõe de quartos de dormir ou acomodação para hóspedes. Pessoas que visitaram Assange dizem que o fundador do WikiLeaks vive num escritório dotado de cama, telefone e conexão com a internet.

Um chuveiro foi instalado no banheiro da embaixada, que dispõe também de uma pequena cozinha. Assange já fez pedidos de pizza e outros tipos de comida delivery.

"Não é bem o Hilton", disse Gavin MacFadyen, simpatizante de Assange que o visitou na embaixada. Há uma esteira rolante que o permite exercitar-se e uma lâmpada de bronzeamento para compensar a falta de luz natural.

A mãe de Assange disse que os amigos que o visitam "tocam música e o encorajam a dançar com eles". Mas ela expressou temores pela saúde de seu filho. Disse que no mês passado ele estava enfrentando severo estresse.

Especialistas afirmam que o confinamento certamente tem um custo psicológico. "Ele está aprisionado na terra de ninguém", diz Cary Cooper, professor de psicologia na Universidade de Lancaster, Inglaterra.

"Uma das coisas que mais causam estresse às pessoas é não ter controle sobre o que acontece", disse Cooper. "É o caso dele. O controle está sendo exercido por outros."

Sob quaisquer padrões, Assange passou por 18 meses de severa perturbação desde dezembro de 2010, quando foi detido em Londres a pedido das autoridades suecas.

Assange estava vivendo em liberdade sob fiança. Tinha de se apresentar diariamente à polícia, usar tornozeleira de rastreamento e viver em endereço determinado.

Ele passou mais de um ano numa casa de campo pertencente a Vaughan Smith, ex-jornalista britânico que apoia o WikiLeaks. Era uma mansão rural em um terreno de 240 hectares. O espaço de Assange encolheu dramaticamente depois disso.

Mas Smith, que visitou Assange nesta semana, disse que o amigo continuava bem.

"Ele vive em um quartinho que não pode de forma alguma ser descrito como confortável", disse ao jornal "Evening Standard". "Mas está feliz, desde que tenha um computador para trabalhar."

Para Cooper, o desfecho mais provável, na ausência de um acordo diplomático entre o Reino Unido e o Equador, é que o confinamento e a vida isolada terminem por levar Assange a deixar a embaixada, mesmo que isso signifique prisão.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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