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Assange acusa EUA de 'caça às bruxas'

Na sacada da embaixada equatoriana em Londres, fundador do WikiLeaks agradece asilo ao 'corajoso' governo Correa

Ativista não menciona acusações de crime sexual na Suécia e se compara a banda de punk russa Pussy Riot

Chris Helgren/Reuters
Vigiado por dezenas de policiais, Julian Assange faz discurso na sacada da embaixada equatoriana, em bairro nobre de Londres
Vigiado por dezenas de policiais, Julian Assange faz discurso na sacada da embaixada equatoriana, em bairro nobre de Londres

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Dois meses após buscar refúgio na Embaixada do Equador em Londres, Julian Assange discursou ontem na sacada do edifício pedindo aos EUA que cessem "a caça às bruxas" ao site WilkiLeaks, do qual ele é fundador.

Ao lado de uma bandeira equatoriana, a menos de três metros do chão, Assange, 41, pediu liberdade para Bradley Manning, preso nos EUA.

Analista de inteligência do Exército americano, Manning é acusado de ter vazado milhares de documentos secretos para o WikiLeaks em 2010 e pode ser condenado à morte por uma corte marcial.

"Se o WikiLeaks é ameaçado, também o são a liberdade de expressão e a saúde de nossas sociedades", disse Assange, que pediu ao presidente americano, Barack Obama, que dissolva investigações do FBI sobre o tema -Washington não confirma a existência dos inquéritos.

Diante de policiais, apoiadores e câmeras de TV, o ativista, de blusa azul, gravata e com cabelo aparentemente recém-cortado, comparou-se a perseguidos políticos. Citou as integrantes da banda punk russa Pussy Riot, condenadas a dois anos de prisão por protestar contra o governo Vladimir Putin.

A alusão foi ironizada por opositores russos, já que Assange tinha um programa numa TV controlada por Putin.

ASILO E BRASIL

Na declaração de dez minutos, o australiano agradeceu ao presidente equatoriano, Rafael Correa, por ter lhe concedido asilo diplomático para tentar livrá-lo da extradição à Suécia, onde é investigado por supostos crimes sexuais. Assange não comentou as acusações.

O fundador do WikiLeaks disse que, na quarta, a polícia britânica circulou pela escada de incêndio interna do prédio da embaixada -onde também há apartamentos particulares- e afirmou que só não foi preso porque o mundo e seus seguidores "estavam assistindo". A polícia negou a versão.

"Da próxima vez que alguém disser que não vale a pena defender esses direitos[...], lembre a ele que, pela manhã, o sol raiou num mundo diferente, e uma corajosa nação latino-americana ficou do lado da justiça."

O australiano também agradeceu ao Brasil e a outros países latino-americanos que reagiram à ameaça britânica de que poderia invadir a embaixada para prendê-lo -em carta enviada a Quito, o Reino Unido citou lei britânica que permitiria ao governo revogar a inviolabilidade diplomática do edifício.

Ontem, os países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) reunidos em Guayaquil, no Equador, exortaram a retomada do diálogo entre Quito e Londres pelo caso. Numa vitória para Correa, respaldaram o Equador ante a eventualidade de uma invasão da embaixada e defenderam "o direito soberano dos Estados" de conceder asilo.

O Brasil enviou à reunião Antonio Simões, subsecretário-geral da América do Sul.

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