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Acordo prevê futuro político para as Farc

Texto de pacto entre guerrilha e governo da Colômbia, vazado por rádio, cita ainda possibilidade de cessar-fogo

Santos não comenta documento, que diz que Venezuela e Chile acompanharão processo com Cuba e Noruega

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O pacto negociado entre o governo da Colômbia e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) para iniciar diálogo pelo fim do conflito no país envolve a possibilidade de um cessar-fogo e a negociação de garantias para a participação de ex-guerrilheiros na política.

É o que diz o texto com as bases para o diálogo divulgado ontem pela rádio colombiana RCN. O governo do presidente Juan Manuel Santos não comentou.

A RCN e a Telesur revelaram na segunda-feira o início das conversas de paz, confirmadas depois por Santos.

Segundo o texto, Cuba será a sede das negociações, que se iniciarão na Noruega.

Os dois países são "fiadores" do pacto. A Venezuela, do esquerdista Hugo Chávez, e o Chile, do conservador Sebastián Piñera, "acompanharão" o diálogo.

AVALIAÇÃO DO BRASIL

O Brasil, que deu apoio logístico nos últimos anos às libertações unilaterais de reféns pelas Farc, não é citado, mas o texto abre a possibilidade de convidar outros países a participar do processo.

O porta-voz do Itamaraty, embaixador Tovar Nunes, informou à Folha que o governo brasileiro foi avisado com antecedência da aproximação com as Farc na Colômbia.

"A iniciativa abrirá uma perspectiva muito alentadora de paz sustentável, em um momento em que a Colômbia passa por uma fase particularmente positiva internamente e participa de modo muito construtivo da integração regional", disse Nunes.

O documento prevê discutir em primeiro lugar a política agrária -uma reivindicação histórica das Farc, surgidas nos anos 60 como guerrilha marxista, mas que depois aderiu ao narcotráfico.

Inclui tópico sobre ressarcimento das vítimas do conflito e combate às drogas.

Quanto à participação política, o texto pede "direitos e garantias" e "acesso aos meios de comunicação" para a oposição, "em particular aos novos movimentos que surjam" ao final do acordo, numa provável referência a partidos políticos a serem criados pela guerrilha.

Esse é um ponto delicado porque em processo semelhante nos anos 80, a maioria dos líderes do União Patriótica, partido formado então por ex-guerrilheiros, foi assassinada.

No texto não está claro se o cessar-fogo mencionado antecede as conversas, como desejam vários analistas e políticos. Na segunda, Santos afirmou que as Forças Armadas seguiriam em combate.

"As conversas ocorrerão sob o princípio de que nada está acordado até que tudo esteja acordado", encerra o texto, que fala de prazo "prudencial" para o diálogo.

O presidente Santos voltou a falar do tema da paz ontem, mas não revelou novos detalhes. "[Este é] um governo que quer buscar a paz acima da guerra", disse Santos, que vem calibrando o novo discurso de segurança com frases como "a paz é a vitória".

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