Eleições EUA

Republicanos tentam atrair as minorias

	Stan Honda/France Presse
	Telão exibe imagens dos ex-presidentes George Bush (pai) e George W. Bush, que gravaram vídeo em apoio a Mitt Romney

Mia Love, anuncia o vídeo, é "mãe, prefeita, líder, dona de uma arma e conservadora". Nenhum desses epítetos, porém, é a razão de ela ser a única candidata a deputada republicana a ganhar um clipe na convenção partidária.

Mia, 37, é mulher e é negra. Assim como pelo menos outros 13 oradores da convenção, segundo contagem da Folha, integra uma minoria (no caso da prefeita da pequena Saratoga Springs, no branco Estado de Utah, duas).

A diversidade no palco não reflete os corredores da convenção, onde achar um representante partidário com as mesmas características étnicas que os oradores é quase impossível.

A discrepância resulta da tentativa de mudança de imagem do partido, que tem se esmerado em atrair o cobiçado voto das minorias, decisivo em uma eleição acirrada.

A tarefa será árdua. Ontem, repercutiu negativamente incidente com um câmera negro e uma participante que lhe jogou amendoins e o chamou de animal.

Em outro episódio, o editor do escritório do "Yahoo News" em Washington foi demitido após ser pego com o microfone aberto dizendo que os Romney "gostam de festejar enquanto os negros se afogam", em alusão ao furacão Isaac.

Mas a empreitada está em curso. Sinal disso é a escolha de Tampa para sediar a convenção -uma cidade cuja população tem 26% de negros e 23% de latinos, ante a média nacional de 13% e 16,7%.

A tática mais evidente, porém, é a escalação dos oradores. Na noite de ontem, subiram ao palco a ex-secretária de Estado Condoleezza Rice, negra, e a governadora Susana Martinez, latina.

Hoje é a vez do senador cubano-americano Marco Rubio; e anteontem foi a da governadora Nikki Haley, filha de indianos.

O deputado Arthur Davis, um ex-democrata (negro) convertido em republicano que discursou terça, disse ao "Washington Post" que os oradores foram escolhidos por seu sucesso, não por sua pele ou sexo.

Mas o portal "Huffington Post" fez um levantamento comparando os oradores aos políticos do partido e concluiu que uma governadora republicana tem 75% de chance de discursar na convenção, contra 16% de um homem no mesmo cargo.

Se o(a) governador(a) tiver ascendência latina ou indiana, sua chance é de 100% - a mesma de um dos dois únicos deputados novatos negros pelo partido (contra 3% dos deputados brancos).

Em 2008, o democrata Barack Obama venceu o republicano John McCain com uma margem de 84 pontos entre os negros (13% do eleitorado), de 36 entre os latinos (9%) e de 13 entre as mulheres (53%).

Se a eleição fosse hoje, segundo o Gallup, ele perderia por oito pontos de Mitt Romney entre o eleitorado masculino e ganharia por outros oito a preferência feminina.

O voto gay também é cobiçado. Após anos de campanha contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e contrariando parte dos membros do partido, a comissão que elabora a plataforma republicana optou neste ano pelo silêncio sobre o tema.