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Presidente egípcio ataca Síria em cúpula e gera reação Mohamed Mursi apoia insurgentes em discurso durante encontro terceiro-mundista no Irã SAMY ADGHIRNIDE TEERÃ Um dia após receber duras críticas públicas do secretário-geral da ONU, o Irã sofreu ontem mais um constrangimento durante a cúpula de chefes de Estado que promove para melhorar sua imagem e se fortalecer politicamente. Um dos convidados mais esperados pelo governo iraniano, o novo presidente do Egito, Mohamed Mursi, discursou deixando claro seu apoio aos rebeldes sírios contra o ditador Bashar Assad, maior aliado de Teerã. "Os sírios estão lutando com coragem em busca de liberdade e dignidade humana", disse Mursi a líderes de mais de 120 países participantes da cúpula do Movimento dos Não Alinhados (MNA), um foro terceiro-mundista. Quando Mursi começou a falar de Assad, a tradução simultânea do árabe para o farsi na transmissão ao vivo das TVs estatais foi alterada para camuflar as críticas. Alguns canais trocaram a palavra "Síria" por "Bahrein", país onde o Irã apoia uma revolta popular contra a monarquia no poder. A emissora Press TV simplesmente interrompeu a tradução. O tema foi ignorado pelas principais agências de notícias locais. Eleito no rastro do levante popular que derrubou o ditador Hosni Mubarak, Mursi exigiu que o "regime opressor [de Assad]" acabe com o "banho de sangue" de revoluções bem-sucedidas também na Tunísia, na Líbia e no Iêmen. Mursi defendeu a renúncia de Assad. Em sinal de protesto, a delegação síria, chefiada pelo chanceler Walid Muallem, abandonou a sala, retornando após o fim do discurso. Em breves declarações às margens do plenário, Muallem disse à Folha que o discurso de Mursi foi "muito ruim". O chanceler revelou que a resposta ao egípcio seria dada em discurso a ser proferido hoje pelos sírios. Muallem não quis responder se estava satisfeito com a cúpula promovida com a intenção de reforçar a posição do Irã e aliados. Em outro revés para Teerã, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, repetiu ontem algumas das críticas que já havia formulado na véspera, condenando especialmente a retórica do Irã contra Israel. "Rejeito com vigor ameaças de qualquer Estado membro [da ONU] de destruir outro, assim como tentativas ultrajantes de negar fatos históricos, como o Holocausto." O secretário-geral fez a declaração sentado ao lado do presidente Mahmoud Ahmadinejad, autor frequente de ataques verbais a Israel. Mursi e Ban contrariaram planos do Irã que, na falta de apoio mais amplo às suas posições estratégicas, preferia não tocar temas controversos. A cúpula pode ter sido contraproducente para o regime ao jogar mais luz sobre seu isolamento no apoio à Síria, segundo alguns participantes. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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