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Cola em Harvard

Mais de cem estudantes podem ser suspensos da universidade americana por um ano ou ter diplomas revogados por fraude em exame; para reitor de graduação, episódio é "sem precedentes"

DO “NEW YORK TIMES”

Harvard, um dos nomes de maior prestígio no mundo acadêmico, está desde a semana passada às voltas com um escândalo que pode arranhar sua reputação.

A universidade revelou que quase metade dos alunos de um curso de Introdução ao Congresso está sendo investigada por suspeita de "cola".

São acusados de fazer provas em conjunto ou plágio em um exame que puderam levar para fazer em casa.

Jay Harris, o reitor de graduação, considerou o episódio "de âmbito e magnitude sem precedentes".

Estudantes disseram que muitas das acusações são baseadas em colaborações inocentes entre alunos e na ajuda recebida de professores pós-graduandos que, em alguns casos, lhes deram respostas a questões das provas.

Também alegam ter sido prejudicados por um curso com provas confusas e notas que são dadas segundo critérios inconsistentes.

Os estudantes podem ser suspensos de Harvard por um ano ou ter seus diplomas revogados. Mas prometem reagir: alguns dizem que vão processar a universidade se sofrerem penalidades.

Nos anos passados, o curso tinha fama de ser um dos mais fáceis de Harvard. Alguns dos 279 alunos que o fizeram no semestre da primavera contaram que o professor, Matthew B. Platt, lhes disse desde o início que costumava dar notas altas e que não era obrigatório assistir às suas aulas.

"Ele falou: 'Dei 120 notas A no ano passado e vou dar outras 120'", relatou um aluno acusado de fraude.

Mas avaliações postadas por alunos no periódico "Q Guide", de Harvard, após os exames finais foram repletas de comentários irritados e deixaram claro que o curso deixou de ser fácil.

"Estão ameaçando o futuro das pessoas", falou um estudante que se diplomou em maio. "Se meu diploma for revogado agora, posso perder meu emprego."

Os estudantes disseram que algumas pessoas na classe fizeram, sim, coisas que eram evidentemente proibidas, como trabalhar juntos sobre as respostas do exame escrito. Mas disseram que algumas condutas que estão sendo condenadas agora antes eram vistas como naturais no curso, em exames anteriores e em anos anteriores.

Platt e seus professores assistentes não responderam ao "New York Times".

COMUNICADO

Em resposta a ligações feitas a Harris e Michael D. Smith, respectivamente reitor e diretor acadêmico da Faculdade de Artes e Ciências, a universidade divulgou comunicado dizendo que seu conselho administrativo terá que se reunir com cada aluno.

"Esperamos obter mais informações sobre como o curso foi organizado e como os trabalhos eram feitos em sala de aula e no exame final feito em casa", diz o comunicado. "Vamos rever os fatos à medida que vierem a nosso conhecimento."

"Sou apenas alguém que dividiu anotações com outros, e agora estou envolvido nisto", disse um aluno de último ano. "Todo mundo na classe dividiu anotações. Seria de se esperar que houvesse respostas semelhantes."

Tradução de CLARA ALLAIN

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