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Eleições EUA

Evento vende Obama 'gente como a gente'

Em convenção, democratas mostram presidente com origem na classe média, ao contrário de rival milionário

Ex-presidente Clinton faz discurso aplaudido, em que disse que Obama não teve tempo para consertar a economia

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A CHARLOTTE

Um sujeito que entende os problemas da classe média porque os viveu e portanto é mais apto a resolvê-los do que seu rival Mitt Romney, blindado por uma suposta bolha de riqueza.

É esse Barack Obama que a convenção democrata quer "vender" em Charlotte, sublinhado ontem no discurso do ex-presidente Bill Clinton (1993-2001).

Ao resgatar a retórica individualismo vs. coletivismo e defender cooperação partidária, trouxe a plateia abaixo.

"Nenhum presidente, nem eu nem ninguém, poderia consertar totalmente o estrago que o presidente Obama pegou para consertar em apenas quatro anos", disse Clinton, 69% de aprovação segundo o Gallup, a uma plateia que lotou a arena 90 minutos antes do discurso e lhe gritava declarações de amor.

"A pergunta mais importante [na eleição] é em que país você quer viver", frisou.

"Se é uma sociedade do cada um por si, em que o vencedor leva tudo, você tem de apoiar a chapa republicana. Se quer um país no qual a responsabilidade é dividida -estamos todos no mesmo barco-, você deve votar em Barack Obama e [o vice-presidente] Joe Biden."

"Para os republicanos o governo é sempre ruim, e ceder ao meio termo é fraqueza", prosseguiu o ex-presidente. "Pode ser boa política, mas nem sempre funciona no mundo real. O que funciona é cooperação."

Antes dele, o partido convocara a primeira-dama, o ex-chefe de gabinete de Obama e a nova estrela do partido para falar do peso da vivência de Obama em suas decisões.

Em 25 minutos anteontem, Michelle Obama alinhavou a história do casal -conjunta e pregressa- e a relacionou a cada problema da classe média. "Vi como as questões que chegam à mesa de um presidente são sempre as difíceis", disse ela.

"Na hora da decisão, o que te guia são seus valores, sua visão e a experiência de vida que faz de você aquilo que é."

Nenhuma vez, ela (que se disse "mãe em chefe", falou de "amor" 15 vezes e narrou cenas do namoro) citou o rival do marido.

Mas a evocação ficou implícita nos contrastes, na afirmação de que os Obama acreditam que todos devem ter a mesma chance de realizar o "sonho americano" ou na de que batalharam (Romney tem estimados US$ 250 milhões).

Julián Castro, o jovem prefeito latino escalado para o discurso principal do evento, e Rahm Emmanuel, ex-chefe de gabinete de Obama, reforçaram essa imagem.

É um Obama distinto daquele apresentado em 2008 a partir da origem exótica e história de vida fantástica.

"O que não se sabe sobre Obama?", indagava a jornalistas Antonio Villaraigosa, presidente da convenção. "Celebramos um presidente que nos guiou pela maior crise econômica desde os anos 30, salvou a indústria automotiva e reformou a saúde."

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