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França vai crescer menos e taxar mais

Na TV, presidente Hollande revisa para baixo PIB de 2013 e detalha pacote fiscal, que trará € 20 bi em impostos

País também fará uma reforma trabalhista; presidente critica bilionário por buscar cidadania na Bélgica

Reuters
O presidente François Hollande durante entrevista para TV em que anunciou crescimento menor para a França em 2013
O presidente François Hollande durante entrevista para TV em que anunciou crescimento menor para a França em 2013

DE LONDRES

Eleito em maio deste ano com a plataforma de levar maior crescimento para a França, segunda maior economia do euro, o presidente François Hollande admitiu ontem dificuldade para cumprir a promessa e disse que o alívio só virá em dois anos.

Em entrevista à rede de televisão TF1, ele detalhou um pacote de € 30 bilhões (R$ 75 bi) que havia sido anunciado pelo seu governo.

Será composto de um terço de corte de gastos, um terço de mais impostos para empresas e o restante de maior taxação para famílias.

Disse ainda que fará reformas no mercado trabalhista para gerar mais empregos, mas não deu detalhes.

Hollande divulgou a redução da estimativa de crescimento em 2013 de 1,2% para 0,8% do PIB e pediu aos franceses "o maior esforço econômico dos últimos 30 anos".

O pacote é necessário porque o país se comprometeu com as autoridades europeias a atingir um deficit de 3% do PIB no ano que vem.

O objetivo do governo, anunciou Hollande, é inverter a curva de crescimento do desemprego daqui a um ano, o que inclui criar 100 mil empregos até o fim de 2012.

A França conta atualmente com aproximadamente 3 milhões de desempregados e registra estagnação econômica nos dois primeiros trimestres deste ano.

"Tenho uma missão: trazer o país para o caminho da recuperação", declarou Hollande, que prosseguiu: "Temos dois anos para implementar políticas de criação de empregos, de aumento de competitividade e de reconstrução das finanças públicas".

O presidente também colocou sua gestão em perspectiva: "Não vou conseguir fazer em quatro meses o que meus antecessores não fizeram em cinco ou dez anos", disse.

IMPOSTO DE FORTUNAS

Uma das propostas mais polêmicas do governo liderado por Hollande, do Partido Socialista, é a criação de um tributo de 75% aos franceses que ganham mais de € 1 milhão por ano. O presidente aproveitou o pronunciamento na TV para reiterar que essa regra não terá exceções, mas que poderá ser revista em dois anos, caso a economia local se recupere.

Anteontem, um dia depois de o governo manter a proposta do imposto sobre grandes fortunas, o homem mais rico da França, Bernard Arnault, diretor do grupo de marcas de luxo LVMH (Moet Hennessy - Louis Vuitton), confirmou que deu entrada a pedido de cidadania belga.

Hollande, durante a entrevista, considerou a manobra de Arnault "uma provocação" e disse que o milionário "deve pensar cuidadosamente sobre o que significa procurar outra nacionalidade".

O empresário alega em sua defesa que manterá domicílio fiscal no país e não abrirá mão da cidadania francesa.

O discurso na TV aconteceu no mesmo dia em que uma pesquisa publicada pelo jornal "Le Parisien" mostrou que a aprovação de Hollande caiu de 62%, em maio, para 40% atualmente.

(RODRIGO RUSSO)

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