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Onde os fracos não têm vez

Candidato ao Senado no Texas, republicano Ted Cruz, filho de cubano que lutou ao lado de Fidel, torna-se queridinho dos ultraconservadores

FERNANDA EZABELLA
DE LOS ANGELES

O republicano em ascensão Ted Cruz, cujo pai cubano lutou na guerrilha em favor de Fidel Castro e cuja candidatura ao Senado pelo Texas teve apoio vital de Sarah Palin, é exemplo de um animal político raro nestas eleições americanas: o hispânico ultraconservador.

O advogado formado em Harvard nunca havia disputado votos por cargo público e ganhou com surpresa a indicação do partido ao bater o favorito David Dewhurst, o milionário vice-governador do Texas. Durante sua campanha, foi capa da revista "National Review", que o chamou de "a nova esperança conservadora".

Rapidamente virou queridinho do movimento de ultradireita Tea Party e é sempre comparado a outro republicano de ascendência cubana, o senador Marco Rubio, estrela do grupo em 2008, ao ganhar o cargo pela Flórida.

Cruz, 42, nascido no Canadá e criado em Houston, trabalhou no governo George W. Bush e foi procurador-geral do Estado por cinco anos.

Entre suas vitórias mais famosas na Suprema Corte, defendeu que um monumento aos Dez Mandamentos continuasse no Capitólio texano e batalhou pelo direto do Estado de ignorar instruções da Corte Internacional de Justiça de rever sentenças de morte de imigrantes ilegais.

Apesar das raízes hispânicas, ele fala mal espanhol e dificilmente terá votos da comunidade. É contra a reforma migratória Dream Act e chamou de "ilegal" a política de Obama para facilitar a vida de jovens imigrantes.

Ele gosta de contar a história de seu pai, hoje pastor batista, que fugiu de Cuba após ser preso e torturado pelo regime de Fulgencio Batista. Chegou aos EUA com um visto de estudante e US$ 100 na cueca e lavou muita louça enquanto estudava na Universidade do Texas.

"Quando meu pai era um adolescente sem dinheiro, graças a Deus nenhum burocrata colocou o braço em torno dele e disse que cuidaria dele", disse Cruz, na convenção do Partido Republicano, há duas semanas. "'Deixa eu lhe dar um cheque do governo e nem se preocupe em aprender inglês.' Isto teria sido totalmente destrutivo."

Enquanto todos tentavam apagar da memória a desastrosa participação de Sarah Palin quatro anos atrás, Cruz fez questão de lembrá-la e elogiá-la numa entrevista após seu discurso. "Os conservadores confiam em Sarah Palin, se ela diz que alguém é conservador", disse ao site "Politico.com".

O entrevistador elogiou sua bota de caubói e sua performance na convenção, notando que foi o único a falar sem teleprompter, um estilo que aprendeu nos inúmeros concursos de debates políticos que fez quando jovem.

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