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Embaixador dos EUA é morto na Líbia

Christopher Stevens é uma das quatro vítimas de ataque de islamitas ao consulado dos EUA na cidade de Benghazi

Manifestações contra filme que satiriza o profeta Maomé se espalharam por outros países do Oriente Médio

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O embaixador dos EUA na Líbia, J. Christopher Stevens, foi um dos quatro mortos no ataque ao consulado americano em Benghazi, leste do país, por um bando armado na noite de anteontem.

Stevens visitava o consulado quando o grupo abriu fogo, em meio a uma manifestação contra um filme produzido nos EUA que satiriza Maomé, fundador do islã.

Manifestações contra o filme se repetiram ontem em Marrocos, no Sudão, na Tunísia e na faixa de Gaza, despertando o temor de que uma onda de protestos se espalhe pelo mundo islâmico.

A gravidade do ataque para os EUA foi ressaltada por um incomum comunicado do próprio presidente americano, Barack Obama, confirmando que o embaixador era um dos quatro mortos.

Stevens é o primeiro embaixador dos EUA morto em missão desde 1979, quando o representante no Afeganistão morreu após sequestro.

Obama condenou a "violência sem sentido" e ordenou o aumento da segurança nas representações americanas no exterior. Foi aprovado ainda o envio de 50 fuzileiros navais para proteger as instalações dos EUA na Líbia.

Segundo a rede de TV CNN, dois destróieres (navios de guerra) dos EUA também foram deslocados para a região.

Horas antes do ataque em Benghazi, o mesmo filme provocara um protesto na embaixada americana no Cairo (Egito). Manifestantes rasgaram a bandeira americana, substituída pela do islã, mas não houve violência.

Ontem à noite, porém, houve novos protestos diante da embaixada, e forças egípcias usaram gás lacrimogêneo para dispersá-los.

VERSÕES CONFLITANTES

Na Líbia, onde o governo provisório é fraco e sobram armas da revolução que derrubou o ditador Muammar Gaddafi em 2011, o consulado foi incendiado após ser alvo de tiros e granadas.

Além de Stevens, 52, foram mortos três americanos. O governo dos EUA confirmou a identidade de um deles, o diplomata Sean Smith.

Segundo o vice-ministro do Interior líbio, Wanis al Sharef, os dois outros eram fuzileiros navais americanos, que foram mortos a tiros.

As circunstâncias do ataque ainda não estão claras. Radicais armados teriam se infiltrado na manifestação e atacado o consulado com morteiros e granadas, dando início ao incêndio.

Stevens teria morrido asfixiado por inalação de fumaça, segundo um médico ouvido pela agência Associated Press. Mas uma autoridade líbia deu outra versão à Reuters: o comboio do embaixador teria sido atingido por morteiros numa emboscada, quando ele tentava escapar.

Al Sharef disse que havia rumores de que islamitas radicais planejavam usar o aniversário dos ataques de 11 de setembro de 2001 para vingar a morte de um dos líderes da rede terrorista Al Qaeda, o líbio Abu Yahya al Libi.

Houve uma breve troca de tiros, mas Al Sharef disse que a maioria dos guardas líbios bateu em retirada -os agressores tinham mais armas.

Os EUA desconfiam que o ataque não tenha sido espontâneo. Segundo o "New York Times" e a CNN, a suspeita é que algum grupo salafista (islamitas ultraconservadores) surgido na guerra civil tenha planejado o atentado de antemão. O protesto contra o filme seria apenas pretexto.

A Irmandade Muçulmana convocou para amanhã em todo o Egito manifestações contra "as ofensas ao islã".

O presidente Mohamed Mursi, que pertence ao grupo, está sob pressão popular para que cancele sua visita aos EUA no fim do mês.

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