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Análise

Política monetária não é suficiente para estimular crescimento

DOUGLAS HOLTZ-EAKIN
DO “GUARDIAN”

Bancos centrais precisam de credibilidade. A habilidade de se comprometer de modo firme com uma determinada política monetária produz expectativas nos mercados e transmite sinais importantes para a economia real.

Além disso, a credibilidade do Fed, o banco central norte-americano, permite que ele use suas ferramentas de comunicação para moldar essas expectativas, o que deveria favorecer a atividade econômica como um todo.

Desse ponto de vista, fica bastante claro que o Fed tinha de anunciar uma nova rodada de relaxamento monetário ("quantitative easing", a prática de compra de títulos do Tesouro que injeta dinheiro na economia) ao final da sua reunião de ontem.

Como havia sido demonstrado pelos quatro últimos relatórios sobre desemprego nos EUA -nenhum deles mostrou crescimento no emprego, na renda ou na força de trabalho- as condições da economia do país são frágeis.

Além disso, os americanos ainda estão tendo de se haver com a retração no crescimento mundial e com o fantasma de possíveis choques financeiros advindos da Europa.

Se o Fed tivesse deixado de agir, os mercados só poderiam concluir que ou o banco central americano não compreende as condições da economia -o que é improvável- ou que sua credibilidade foi minada. E o Fed não se arriscaria a esse ponto.

Isso não significa, no entanto, que novas intervenções do banco central serão capazes, por si sós, de estimular o crescimento do país.

O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, disse que "a política monetária não pode, sozinha, obter os mesmos efeitos de um conjunto maior e mais equilibrado de medidas econômicas; em especial, ela não é capaz de neutralizar os riscos fiscais e financeiros que o país enfrenta".

Os EUA precisam de reformas fiscais e orçamentárias, que são fundamentais, especialmente em setores como saúde e aposentadorias.

Pode-se dizer que as medidas de política monetária resultam em poucos benefícios, mas vale a pena implantá-las. O custo delas, porém, é considerável, e vai de inflação ao risco de politização do Fed.

Tradução de ROGÉRIO ORTEGA

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