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Protestos chegam a 19 países e incluem escola e lanchonetes

Atos contra filme anti-islã matam 7 e não se resumem a embaixadas americanas; países aliados também são alvos

Obama anuncia o envio de unidade de elite para o Iêmen e o Sudão, dois países em que protestos são mais violentos

France Presse
Em Trípoli, no norte do país, restaurantes das redes de fast-food KFC e Hardee's são destruídos em protesto contra filme anti-islâmico; conflito com polícia deixou ao menos um morto
Em Trípoli, no norte do país, restaurantes das redes de fast-food KFC e Hardee's são destruídos em protesto contra filme anti-islâmico; conflito com polícia deixou ao menos um morto

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Protestos e violência se espalharam ontem pelo mundo islâmico, deixando ao menos sete mortos no quarto dia de fúria contra um filme produzido nos EUA que denigre o profeta Maomé.

Desta vez, os ataques contra os EUA não se limitaram a embaixadas e consulados.

Estenderam-se a outros alvos americanos, como uma escola na Tunísia e duas lanchonetes no Líbano.

Houve atos pacíficos e violentos em 19 países islâmicos, não apenas no Oriente Médio. Foram registrados atos em locais tão distantes como Indonésia e Nigéria.

Na capital do Sudão, Cartum, milhares de manifestantes atacaram a embaixada americana, e três foram mortos pela polícia.

Na cidade, também aliados americanos foram alvos. A embaixada da Alemanha no Sudão foi invadida e parcialmente incendiada. A do Reino Unido também sofreu ataque, mas sem grandes danos.

O estopim da fúria, iniciada na terça-feira, é o filme amador "A Inocência dos Muçulmanos", que retrata o profeta Maomé como mulherengo e sanguinário.

Ontem, o presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou o envio de unidades de elite antiterrorista para o Iêmen e o Sudão. O mesmo já havia sido feito com relação à Líbia.

Quase todos os protestos ocorreram após as orações nas mesquitas, tradicionais às sextas-feiras.

No Líbano, enquanto o papa Bento 16 desembarcava para sua primeira visita à região desde 2009, uma pessoa morreu quando soldados atiraram contra manifestantes.

O confronto ocorreu na cidade de Trípoli, no norte, quando centenas de pessoas atacaram lanchonetes de franquias americanas.

Na Tunísia, berço da Primavera Árabe, houve alguns dos mais violentos protestos, com duas mortes.

Diante da ação atrasada da polícia, centenas de manifestantes invadiram a embaixada dos EUA e hastearam a bandeira do islã. Uma escola americana foi incendiada.

No Egito, onde os protestos contra o filme começaram, a polícia usou gás lacrimogêneo para impedir que uma multidão marchasse rumo à embaixada americana.

Em visita a Roma, o presidente Mohamad Mursi, da Irmandade Muçulmana, voltou a condenar o filme, mas condenou a violência.

"Esses atos irresponsáveis não trazem benefício e desviam a atenção dos problemas reais, como o conflito na Síria e o destino dos palestinos e a falta de estabilidade no Oriente Médio", disse.

CERIMÔNIA

Em carta ao Congresso dos EUA, Obama especificou que as forças americanas enviadas à região têm como único objetivo "proteger cidadãos e propriedades americanas".

O presidente, ao lado da secretária de Estado, Hillary Clinton, participou ontem da cerimônia de recepção aos despojos do embaixador Chris Stevens e mais três americanos mortos na Líbia.

No breve discurso, afirmou que os EUA manterão a mensagem à região de que "são amigos" e não abandonarão seu papel no mundo, mas repetiu que os culpados pelas mortes responderão por elas.

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