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Sob pressão, Japão fecha fábricas na China

Compra por Tóquio de arquipélago reivindicado por Pequim desatou onda de protestos nacionalistas e agressões

Embora tenham atritos diplomáticos seguidos, os dois países mantêm crescente parceria na relação comercial

Diego Azubel/Efe
Manifestantes chineses protestam em frente à Embaixada do Japão
Manifestantes chineses protestam em frente à Embaixada do Japão

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A NANQUIM

Os crescentes protestos na China contra a decisão de Tóquio de comprar um arquipélago disputado pelos dois países estão levando dezenas de empresas japonesas a fechar as suas portas por temor de atos violentos.

As manifestações ganharam força no fim de semana e miraram principalmente representações diplomáticas.

Mas a ira contra o Japão em dezenas de cidades incluiu desde fábricas de automóveis até populares redes de lojas.

A fabricante de eletrônicos Panasonic fechou a sua fábrica em Qingdao (leste) no fim de semana depois de funcionários chineses terem incendiado parte de seus equipamentos, segundo um porta-voz da empresa na China.

Com medo de violência, as lojas de conveniência 7-Eleven anunciaram que todas as suas 198 unidades no país fecharão hoje, dia em que a China lembra o início da violenta ocupação japonesa no país, entre 1931 e 1945.

As empresas japonesas com operações afetadas na China incluem, entre outras, Canon, Toyota, Honda, Uniqlo (lojas de roupas) e Mazda.

Cidadãos japoneses também têm sido agredidos e foram orientados a permanecer em casa. Em Pequim, escolas japonesas cancelaram as aulas nesta semana. Em Xangai (leste), houve o registro de seis casos de agressão. Num deles, um grupo de chineses jogou macarrão num japonês.

A tensão entre os dois países pode se agravar mais caso se confirme a informação dada pela Rádio Nacional da China de que mil barcos pesqueiros chineses se dirigem ao arquipélago desabitado, chamado de Senkaku pelo Japão, que o administra, e de Diaoyu pelos chineses.

Já manhã de hoje na Ásia, a Guarda Costeira do Japão informou que dois japoneses desembarcaram na ilha e estavam sendo interrogados.

Centenas de empresas japonesas mantêm fábricas na China, atraídas pela mão de obra mais barata. A China, que em 2010 ultrapassou o Japão tornando-se a segunda economia mundial, é atualmente o principal parceiro comercial do país vizinho.

Em 2011, o comércio bilateral alcançou US$ 345 bilhões - valor 4,4 vezes maior que o comércio China-Brasil.

A escalada da violência coloca Pequim em posição difícil, em que precisa manter atitude firme contra o Japão, enquanto quer controlar os protestos dos nacionalistas, que criticam a falta de dureza do governo com Tóquio.

O jornal "Diário do Povo", porta-voz do Partido Comunista, afirmou ontem que a China não descarta sanções econômicas: "Pode ser que o Japão queira outra década perdida e até mesmo retroceder duas décadas".

O "Global Times", também do partido, associa os protestos a manifestações contra o governo chinês. "Os protestos contra o governo [chinês] também estão crescendo", diz o editorial de ontem. "Há uma tendência entre esses de uso da violência, para a qual a opinião pública dá mais apoio só porque pensa que o governo é o alvo."

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