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Ajuda a refugiados está sob risco, diz comissário da ONU

António Guterres cita multiplicação de crises e escassez de fundos devido à turbulência econômica como ameaças

Khalil Mazraawi/France Presse
Refugiados sírios aguardam enviado ONU, Lakhdar Brahimi, no campo de refugiados de Zaatri, no norte do Líbano
Refugiados sírios aguardam enviado ONU, Lakhdar Brahimi, no campo de refugiados de Zaatri, no norte do Líbano

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

A ajuda humanitária internacional está ameaçada, adverte o Alto Comissário da ONU para Refugiados, o ex-premiê português António Guterres.

Isso se deve, segundo ele, a dois fatores: multiplicação de crises que sobrecarregam os órgãos de amparo e recessão nos países doadores.

Em entrevista à Folha durante viagem a Teerã para tratar dos 800 mil refugiados afegãos no Irã, Guterres pediu mais fundos à comunidade internacional e disse que a solução para crises humanitárias é sempre política.

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Folha - Qual é a situação dos refugiados sírios?

Antonio Guterres - Há situações, como a da Colômbia, onde as partes envolvidas concordam em negociar [a paz]. Nunca há solução humanitária para problemas humanitários.

A solução é sempre politica. Infelizmente, esta solução parece longe na Síria. O conflito tem tido consequências trágicas às pessoas dentro do país e aos 250 mil refugiados.

O que o Acnur (agência da ONU para refugiados) pode fazer no caso da Síria?

Fazemos o possível para garantir a manutenção do espaço de proteção. Jordânia, Líbano, Turquia e Iraque mantêm uma política de portas abertas, que é essencial. Por outro lado, aumentamos a assistência aos refugiados.

Dentro da própria Síria, continuamos com uma grande operação por causa dos refugiados iraquianos [que fugiram após a invasão americana, em 2003].

Aliás, é preciso reconhecer que as autoridades sírias mantêm sua colaboração conosco para que essa proteção continue. Mas há dois problemas sérios na Síria: o acesso a certas zonas e a dificuldade em encontrar fundos.

É a crise econômica nos países ricos que afeta a ajuda humanitária?

A escassez de fundos é resultado das dificuldades de muitos países, mas sobretudo da multiplicação das crises humanitárias.

Temos neste momento quatro crises agudas de refugiados: 250 mil na Síria, 250 mil no Mali, um número parecido com o conflito entre Sudão e Sudão do Sul e agora há também grandes saídas da República Democrática do Congo rumo a Uganda e Ruanda.

Sem falar naquelas situações mais antigas, como Afeganistão e Somália. Não só do ponto de vista financeiro, mas também humano é difícil encontrar capacidade para responder a tudo isso.

Os países fronteiriços da Síria estão dando conta?

Jordânia e Turquia fazem um esforço notável para manter as portas abertas, apesar do impacto inevitável [do fluxo de refugiados] sobre a economia. Há uma grande generosidade que deve ser reconhecida.

O Irã também está sob pressão por causa dos refugiados afegãos. O senhor teme que sejam expulsos?

O presidente Mahmoud Ahmadinejad me reafirmou de forma clara que o espaço de proteção para os refugiados afegãos será mantido.

O Irã, além de permitir que os afegãos trabalhem e que seus filhos tenham acesso a escolas, pretende regularizar a situação dos que estão ilegalmente no país. São poucos os governos dispostos a isso.

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