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França fecha embaixadas após charge com Maomé

Missões e outros prédios ligados ao país não deverão funcionar amanhã

Razão é o receio de que haja violência após uma revista ter publicado charges que satirizam o profeta muçulmano

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O governo da França ordenou o fechamento de embaixadas, consulados e instituições como escolas em cerca de 20 países de população muçulmana amanhã, temendo reações à publicação por uma revista de charges que satirizam o profeta Maomé.

A princípio, o fechamento é por um dia apenas -a sexta-feira é o dia da reza muçulmana e quando se concentram manifestações.

A medida ocorre em meio a protestos contra um filme produzido nos EUA que satiriza o fundador do islã.

O semanário humorístico "Charlie Hebdo" justificou a publicação afirmando que não deve haver limites à liberdade de expressão.

"Não há nada a negociar com os fascistas", escreveu o editor da revista, Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, no curto texto que acompanha as quatro charges. Em duas delas, um muçulmano que seria o profeta Maomé aparece nu, em posições eróticas.

Policiais da tropa de choque foram enviados para proteger a redação da revista, em Paris. Em novembro, a sede do "Charlie Hebdo" foi atingida por uma bomba incendiária depois que o semanário nomeou Maomé "editor-chefe" de uma edição.

Embora reiterando que a liberdade de expressão deve prevalecer, o governo francês demonstrou preocupação.

O chanceler Laurent Fabius advertiu que o "Charlie Hebdo" pode estar jogando "óleo no fogo", mas ressaltou que cabe aos tribunais decidir se a revista foi longe demais. Uma associação árabe entrou com uma ação na Justiça contra a revista.

Em entrevista à rádio RTL, o premiê Jean-Marc Ayrault disse que não serão permitidas manifestações no país contra o filme anti-islâmico programadas para sábado.

"Não há razão para permitirmos conflitos em nosso país que não dizem respeito à França", disse Ayrault.

Líderes islâmicos franceses pediram calma, mas não pouparam críticas à revista.

"Uma provocação odiosa, desnecessária e estúpida", definiu Dalil Boubakeur, reitor da Grande Mesquita de Paris. A França é o país europeu com mais muçulmanos, cerca de 6 milhões.

CASA BRANCA

Principal alvo dos protestos anti-islâmicos, os EUA também criticaram a decisão do semanário francês. Jay Carney, porta-voz da Casa Branca, questionou o "julgamento" da revista em publicar as charges logo agora, e alertou para seu potencial "incendiário".

Ao menos 25 pessoas morreram na última semana em violentos protestos, entre eles o embaixador norte-americano na Líbia.

A edição do "Charlie Hebdo", com tiragem de 150 mil exemplares, esgotou ontem em um par de horas. Charb afirmou que não se sente responsável por possíveis atos de violência.

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