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Dilma fará cobranças aos países ricos em fala na ONU

Ela discursa hoje à Assembleia-Geral com críticas econômicas e políticas

Política do BC dos EUA, que pode valorizar o real, irrita o Brasil; presidente condenará possível ação na Síria

RAUL JUSTE LORES
DE NOVA YORK
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
DE SÃO PAULO

Em seu discurso na abertura da 67ª Assembleia-Geral da ONU, hoje, a presidente Dilma Rousseff deve cobrar os países ricos tanto em questões econômicas como em política externa.

Dilma deve reiterar a oposição do governo brasileiro à iniciativa do Fed, o BC americano, de comprar títulos do Tesouro, injetando dinheiro na economia.

Um dos efeitos colaterais é a valorização do real, que corrói a competitividade das exportações do país.

Dilma está em Nova York desde domingo com a filha, Paula, além de cinco ministros e diversos assessores, mas quase sem agenda oficial. Teve um único encontro bilateral ontem, com o presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso.

"A crise europeia vai demorar, mas o primeiro tempo já passou. Vocês, brasileiros, que gostam de futebol: estamos na segunda parte do jogo", declarou Barroso.

Segundo assessores, a presidente ficou quase o dia todo ontem preparando seu discurso em sua suíte no hotel Saint Regis.

O Brasil abre a sessão anual da Assembleia desde que o diplomata Oswaldo Aranha iniciou a tradição, em 1947.

Em sua fala, Dilma deve pedir que os países ricos estimulem o crescimento e criticar o arrocho fiscal na União Europeia, segundo a Folha apurou. Dilma deve usar o exemplo brasileiro, em que a economia mantém praticamente pleno emprego, como contraponto à recessão europeia e à recuperação anêmica nos EUA.

No front de política externa, o Oriente Médio deve ser foco da fala da presidente, que pode voltar a abordar a "responsabilidade ao proteger" -a necessidade das nações de evitar danos maiores aos civis ao intervir em países em conflito.

O governo brasileiro tem como grande crítica a intervenção da Otan (aliança militar ocidental) na Líbia e trabalha contra ação similar na Síria. Após a fala de Dilma, será a vez de o presidente Barack Obama discursar.

Na semana passada, um assessor da Presidência chegou a dizer que haveria um rápido encontro bilateral, mas há dúvidas se isso realmente ocorrerá.

Segundo o jornal "USA Today", Obama, que está em campanha à reeleição, não deve ter nenhum encontro bilateral durante o evento da ONU -em 2011, ele teve 13. Mas Obama deve participar de um evento em Nova York com o ex-presidente Bill Clinton, o que gerou críticas de líderes republicanos.

Na ONU, o presidente dos EUA vai usar seu discurso para mandar duas mensagens ao mundo muçulmano: que condena as ideias do vídeo anti-islã que provocou onda de protestos no Oriente Médio, mas que a violência nunca é aceitável.

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