Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Após apelo do 'povo', Irã bloqueia Google

País aproveita polêmica com filme anti-islã para pôr em marcha internet própria, que deve entrar em vigor em 2013

Teerã alega que Ocidente usa rede mundial para fomentar dissidências e abalar a República Islâmica

DE TEERÃ

O Irã apertou o cerco à internet ao bloquear ontem o site de busca Google e seu serviço de e-mail gratuito Gmail sob pretexto de retaliar a divulgação do trailer anti-islã filmado nos EUA que gerou revoltas em países islâmicos.

O corte havia sido anunciado na véspera pelo governo, que também confirma planos de criar uma internet nacional possivelmente isolada da rede mundial.

"Atendendo a pedidos do povo, Google e Gmail serão bloqueados em todo o país até nova ordem", disse à mídia estatal no domingo Abdolsamad Khoramabadi, assessor do órgão que regula e censura a internet.

Agências de notícias iranianas afirmaram que a medida é uma represália pela recusa do Google em retirar do seu site de vídeos, o YouTube, o filme "Inocência dos Muçulmanos", que satiriza o profeta Maomé.

Apesar da alegação de que a censura atende uma demanda popular, houve poucos protestos no país. A Folha constatou que boa parte dos iranianos não estava interessada na polêmica.

Não está claro por quanto tempo os sites ficarão bloqueados, mas especula-se que a medida seja temporária.

Enquanto o bloqueio vigorar, internautas iranianos continuarão navegando livremente graças a programas antifiltros que permitem acessar todos os sites vetados, incluindo o da Folha.

Em fevereiro, o governo conseguiu anular os programas antifiltros. O bloqueio geral, que durou três dias, foi amplamente visto como alerta de que os engenheiros do governo são mais poderosos que os da sociedade.

Teerã alega que o Ocidente usa a internet para fomentar a dissidência e minar as fundações da República Islâmica, além de frear o programa nuclear com vírus informáticos devastadores.

Nesse contexto, o regime disse no domingo ter implementado a primeira fase de uma internet nacional, segura e moralmente lícita.

"Nos últimos dias, todas as agências e escritórios governamentais foram conectados à rede nacional", disse Ali Hakim-Javadi, vice-ministro das Comunicações.

A segunda fase, segundo ele, conectará os cidadãos à rede, que deve operar plenamente em meados de 2013.

Alguns setores, inclusive dentro do governo, pressionam para que a rede nacional seja complementar, mas não corte a internet global.

(SAMY ADGHIRNI)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.