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Eleições EUA

Cerca contra ilegais irrita americanos e mexicanos

Barreira anti-imigrantes une Obama e Romney, mas é vista como 'fútil'

Brownsville, nos EUA, e Matamoros, do lado do México, funcionam como uma única cidade; cartéis atuam na área

DA ENVIADA A FRONTEIRA DO TEXAS

O projeto de crescimento de Brownsville e Matamoros envolve o trânsito fácil na fronteira, cruzada diariamente por milhares que trabalham, fazem compras ou vão ao dentista do outro lado.

No meio do caminho, porém, há uma cerca, e, às vezes, tiros.

"Da última vez, vi a fumaça subindo. Eles usaram até granada", diz Elis, 26, uma garçonete de ascendência mexicana que vive em Brownsville e teme pela segurança dos dois filhos pequenos.

A "última vez" foi em 18 de agosto, e "eles" são os cartéis do narcotráfico que disputam território no norte do México.

Tiroteios e mortes, que já chegaram a 47 em um fim de semana há dois anos, diminuíram (não há estatística confiável, mas os alertas de segurança do consulado dos EUA, que somaram 14 em 2010, caíram a sete em 2011 e quatro neste ano).

O medo ficou.

"Quero ser enfático: a segurança em Brownsville não é um problema por causa de Matamoros. O que acontece lá fica lá", afirma o prefeito Tony Martinez.

"Matamoros tem cuidado bem de sua segurança recentemente", declara.

Mesmo assim, há empresas e escritórios do lado americano que vetaram aos funcionários cruzar a fronteira.

FUTILIDADE

Os quatro postos são rápidos e desembaraçados.

O que incomoda os moradores dos dois lados é a cerca de metal que corta as cidades desde o ano passado.

A barreira está dentro do projeto norte-americano de murar a fronteira e reduzir a entrada de imigrantes ilegais no país (endossado pelo presidente Barack Obama e por seu rival republicano, Mitt Romney).

"É um exercício de futilidade", reclama Eduardo Garza, presidente do Comitê para Desenvolvimento Econômico de Matamoros, mas morador de Brownsville.

Michelle Lopez, do Conselho de Desenvolvimento Econômico de Brownsville, concorda.

"A cerca passa a ideia errada sobre as cidades." Na visão dos moradores, os dois lados são um só.

O dia a dia dos habitantes da região mostra isso.

Os prefeitos conversam regularmente entre si, o "spanglish" (mistura de espanhol e inglês) é a língua corrente na área e é raro encontrar do lado americano alguém cujo nome não soe latino.

(LUCIANA COELHO)

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