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Maior parte dos vizinhos quer vitória de Chávez

Brasil e Colômbia estão entre os que torcem pela reeleição do presidente

No caso do Mercosul, vitória de Henrique Capriles, o candidato oposicionista, só interessa ao Paraguai

FLÁVIA MARREIRO
DE SÃO PAULO

Quando o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, recebeu há dez dias em Bogotá Henrique Capriles, o rival de Hugo Chávez nas eleições do próximo domingo na Venezuela, a oposição do país exibiu as fotos do encontro como um troféu.

Foi uma rara conquista em matéria de política externa em uma região em que Chávez goza de amizade estratégica de vizinhos e é aclamado como benfeitor pelos países a quem vende petróleo em suaves prestações.

A maior parte da América Latina torce para que Chávez siga no poder em Caracas.

Além da ex-rival Colômbia, países como Brasil, Equador, Bolívia, Argentina, Nicarágua e Cuba querem vitória com folga, evitando turbulências.

A maior exceção na região é o Paraguai, contrário à entrada do país no Mercosul.

"O gesto do presidente Santos, de última hora, permitiu ver quão pouco amigável foi o tratamento da região com Capriles", diz Carlos Romero, professor da Universidade Central da Venezuela, que colaborou na preparação do programa de governo do candidato para o setor.

É também, diz ele, um reconhecimento tardio de que o opositor tem mais musculatura eleitoral que os vizinhos avaliaram inicialmente.

O encontro com Santos, seguido de nota declarando a Colômbia "neutra" na eleição, só ocorreu porque o tema passou a ser um assunto interno, defende Romero.

O colombiano acaba de lançar mão da aproximação de Chávez com a narcoguerrilha das Farc para ajudar na negociação de paz com o grupo que começará em outubro.

Parece improvável que as Farc aceitem a troca do esquerdista Chávez pelo "burguês" Capriles.

No caso do Mercosul, só ao Paraguai interessaria uma derrota de Chávez, já que o bloco usou a suspensão do país para driblar o não do Senado paraguaio a Caracas.

TEMOR NO PT

O Brasil mantém uma próxima e lucrativa relação com Chávez. Sem falar na participação do PT na campanha do esquerdista, comandada pelo marqueteiro João Santana.

Altos dirigentes petistas seguem de perto a disputa. Um deles, com trânsito no governo venezuelano, disse à Folha temer que alas chavistas se neguem a entregar o poder no caso, que crê improvável, de derrota do presidente.

Outra área atenta ao desenrolar em Caracas é o Caribe, em especial Cuba, já que a oposição diz que, se ganhar, vai rever a política de venda subsidiada de petróleo.

"[A vitória de Capriles] sem dúvida causaria uma crise no Caribe, por causa dessa visão da direita venezuelana, que devemos usar o petróleo só para espoliar os vizinhos pobres ", disse à Folha Rodrigo Cabeza, ex-ministro das Finanças de Chávez.

Fora do continente, Rússia e China, hoje a maior credora do governo Chávez, têm projetos bilionários em curso na Venezuela. Capriles promete rever os acordos com a China e critica as compras de armamento da Rússia.

Na torcida pela oposição estão os EUA, ainda que, sob Obama, as fricções bilaterais tenham diminuído.

Feliz mesmo com uma vitória de Capriles estaria Israel, com relações diplomáticas rompidas com Caracas.

Sem Chávez, não apenas o governo iraniano perderia seu maior aliado no Ocidente como a Venezuela ganharia um presidente de origem judaica.

VIOLÊNCIA

Dois apoiadores do Capriles foram mortos a tiros ontem em um enfrentamento entre grupos dos dois candidatos em uma estrada perto da cidade de Barinas.

A oposição disse que um grupo pró-Chavez bloqueou uma carreata de apoiadores do Capriles, pouco depois um homem armado começou a atirar. A polícia investiga o caso e seis já foram detidos.

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