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Análise - Eleições EUA

Ataques à política externa de Obama têm pouca efetividade

Romney só deve atrair votos entre grupos com descontentamentos pontuais

ABRAHAM F. LOWENTHAL
ESPECIAL PARA A FOLHA

Faltam seis semanas para as eleições presidenciais nos EUA e o presidente Barack Obama começou a acumular uma vantagem na maioria dos Estados sem preferência partidária definida, incluindo Ohio, Virgínia e Flórida.

Obama assumiu a dianteira em grande medida porque os eleitores o acham mais simpático que Romney e porque pensam que se identifica mais com suas preocupações, protegendo seus interesses econômicos, como a garantia de atendimento médico, e administrando bem a economia e a política externa.

A campanha de Romney foi prejudicada desde o início pelas contorções às quais ele se submeteu para conseguir ser nomeado o candidato do Partido Republicano, com sua base cada vez mais dominada por conservadores altamente concentrados nos Estados do sul.

Com a disputa se aquecendo, Romney e seus partidários vêm se esforçando para reduzir a vantagem.

Eles vêm atacando a administração Obama por sua suposta vacilação na resposta ao Irã e seu programa nuclear, na resposta à Síria e ao Líbano; por seus gestos de conciliação com Cuba e Venezuela; de contemporização com a China, e de compromisso insuficiente com Israel e com os interesses internacionais de corporações americanas.

A crítica que fazem é vigorosa, mas em grande medida apenas retórica. Tem sido relativamente fácil para Obama responder com seu próprio discurso, com medidas específicas e simbólicas que ele pode tomar como presidente, e com elementos visuais que lembram às pessoas de seu papel de comandante em chefe da América e rosto dela diante do mundo.

GANHOS PONTUAIS

É provável que, em última instância, poucos votos sejam determinados pelas diferenças dos candidatos no quesito da política externa.

Romney terá alguns ganhos modestos graças a alguns setores insatisfeitos, como uma pequena parcela da comunidade judaica americana fortemente alinhada com o governo de Binyamin Netanyahu em Israel, uma fração dos cubanos que criticam a suavização modesta das sanções contra Cuba.

Mas esses ganhos serão mais que contrabalançados pela ampla aceitação pública das políticas calmas, moderadas e competentemente implementadas pela administração Obama.

Também conta a intuição ampla de que a visão que Obama tem do papel dos EUA no mundo faz muito mais sentido que o papel de xerife internacional personificado por seu predecessor na presidência e que, para muitos, parece estar implícito na crítica feita hoje por Romney.

A maior diferença que a eleição nos EUA acabará fazendo para o mundo mais amplo guarda menos relação com as diferenças de política externa dos candidatos e mais com seus enfoques divergentes sobre como fortalecer a economia dos EUA e a mundial. Essa questão vai dominar os debates presidenciais a partir de quarta-feira.

ABRAHAM F. LOWENTHAL é professor emérito da Universidade do Sul da Califórnia

Tradução de CLARA ALLAIN

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