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Depoimento

"Um pequeno exercício de imaginação"

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Em setembro de 2007, Eric Hobsbawm me recebeu em sua casa, em Londres, para uma entrevista sobre seus 90 anos.

A pedido dele, eu havia enviado as perguntas com antecedência. Ele e a mulher, Marlene, foram muito amáveis, mas tínhamos pouco tempo.

Fui fazendo as perguntas, mas fora da ordem do formulário que preparara. Com medo de não ter tempo de fazer todas, e pressionada, como todo jornalista, fui logo às mais "polêmicas" e atuais.

Falamos da Guerra do Iraque, de Israel, do futuro do capitalismo etc.

Marlene nos interrompeu algumas vezes. Entrava para saber se ele estava bem e para dar recados. Ligavam de um jornal para ele comentar a fala de um político trabalhista.

Hobsbawm era assim, sempre atendia a jornalistas e analisava os fatos com clareza e rapidez incríveis. Eu mesma já testara várias vezes: 11 de Setembro, eleição de Obama, terremoto no Haiti...

Quando nosso tempo já se esgotava e senti que ele estava cansado, lhe disse que poderíamos terminar. Então ele se espantou: "Você não vai fazer a melhor das suas perguntas?".

Fiquei com vergonha: de fato, diante de tantos temas sérios, tinha pulado a primeira da lista, que era, digamos, mais poética. Ele disse: "Estava esperando por essa, ontem ela me fez fechar os olhos e pensar numa boa resposta".

Então perguntei. Basicamente, eu lhe pedia que tentasse fazer um mapa de como era o mundo de então, mais ou menos como ele fizera no primeiro capítulo de "A Era das Revoluções": onde havia agrupações humanas, onde havia luz, onde havia guerra.

"É um pequeno exercício de imaginação para um velho historiador. Historiadores deveriam fazer isso o tempo todo", comentou.

Deu então uma longa resposta, quase uma aula. "Enfim, estou muito velho para um esforço desses", encerrou, com um sorriso.

Leia a íntegra do depoimento

folha.com/no1162380

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