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Parlamento turco dá aval a eventual ataque à Síria

Decisão ocorre após morteiros sírios terem matado 5 do lado turco da fronteira

Ataque sírio motivou resposta da Turquia; regime de Assad, que enfrenta uma guerra civil, pediu desculpas

Bulent Kilic/AFP
Soldados turcos montam guarda em Akçakale
Soldados turcos montam guarda em Akçakale

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O Parlamento da Turquia aprovou ontem uma moção que autoriza incursões militares no território sírio, caso necessário, um dia após um morteiro disparado da Síria ter matado cinco civis turcos, aparentemente por engano.

Em retaliação, as Forças Armadas da Turquia atacaram alvos no norte da Síria durante toda a madrugada de quarta para ontem. A ofensiva resultou na morte de vários soldados sírios, segundo a imprensa turca.

A grave escalada militar, depois de meses de tensão entre os dois países, aumentou o risco de que a sangrenta guerra civil na Síria transborde de suas fronteiras e vire um conflito regional.

Apesar da luz verde dada pelo Parlamento turco para operações terrestres em território sírio, o governo de Ancara afirmou que a autorização não significa uma declaração de guerra, mas uma mensagem destinada a deter novos ataques da Síria.

Após horas de debates em uma sessão fechada, o Parlamento aprovou a moção por 320 votos contra 129. "A crise na Síria afeta a estabilidade e a segurança na região e a escalada de hostilidade afeta nossa segurança nacional", diz um trecho da moção.

A tensão parecia começar a se esvaziar ontem. Segundo o vice-premiê turco, Besir Atalay, o governo sírio admitiu em mensagem à ONU ser o autor dos disparos e fez um pedido formal de desculpas.

Atalay acrescentou que Damasco garantiu às Nações Unidas que "tais incidentes não se repetirão". O morteiro disparado atingiu uma casa no vilarejo turco de Akçakale, na fronteira com a Síria, matando uma mulher, suas três filhas e outra mulher.

O regime sírio, que acusa "grupos terroristas" com financiamento estrangeiro de estar por trás da revolta, reiterou que jamais teve a intenção de atingir a Turquia.

Na TV estatal, o ministro da Informação, Omran Zoaby, disse que a ação de "terroristas" na fronteira ameaça a estabilidade regional. "A fronteira entre Síria e Turquia é longa e está sendo usada para o contrabando de armas e o terrorismo", disse.

De acordo com a imprensa turca, disparos feitos da Síria já tinham cruzado a fronteira em pelo menos dez ocasiões nos últimos meses. Mas o incidente em Akçakale foi o primeiro com mortes de civis turcos.

'TRÁGICO ACIDENTE'

EUA, França e Reino Unido, parceiros da Turquia na Otan (aliança militar do Ocidente), condenaram o ataque sírio e até a Rússia, aliada de Assad, exortou Damasco a reconhecer que foi "um trágico acidente".

Fiel à aliança, porém, Moscou bloqueou no Conselho de Segurança da ONU uma resolução crítica à Síria.

Nos últimos dois meses, a região tornou-se o principal foco da guerra civil entre o regime sírio e forças rebeldes que lutam para derrubar o ditador Bashar Assad.

Da fronteira turca até Aleppo, a cidade mais populosa da Síria, parte do território foi tomada pelos insurgentes.

Há poucas semanas, morteiros atingiram as colinas do Golã, área que Israel ocupou da Síria em 1967. Os disparos não deixaram vítimas.

Em meio à escalada na fronteira turca, a guerra civil continuou ontem a acumular números sangrentos. Ativistas de oposição relataram que uma explosão em Damasco matou 21 membros da Guarda Republicana, unidade de elite do Exército sírio.

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