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Chávez leva servidores para comício 'apoteótico'

Funcionalismo público lota último evento de campanha à reeleição

Rival Capriles também reúne uma multidão em ato final de sua campanha; eleição ocorre no domingo

FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mobilizou apoiadores e funcionários públicos de todo o país para, sob chuva, lotar sete grandes avenidas em Caracas ontem.

A meta era que o encerramento de sua campanha à reeleição reunisse mais gente do que o rival, Henrique Capriles, levou ao mesmo local, no último domingo.

Com a camisa encharcada pela chuva forte, Chávez entrou correndo no palco e avisou que seria breve "pelas circunstâncias". Discursou por menos de meia hora.

Fez um paralelo entre sua "revolução", pela qual quer vencer no domingo para chegar a 20 anos no poder, com são Francisco, o santo dos pobres. Prometeu miséria zero e casa digna para todos.

"Hoje [ontem] é dia de são Francisco. Estamos sendo banhados pelas águas benditas. São Francisco, aquele que era rico e entregou toda sua riqueza aos pobres e se tornou santo. Somos como são Francisco, instrumentos da paz de um povo", disse, pedindo uma "avalanche de votos".

Foi um comício, seguido de caravana em caminhão aberto, "apoteótico", como ele pedira um dia antes, no Distrito Capital, o coração de Caracas onde veio perdendo apoio -de 65% dos votos nas presidenciais de 2006 a 51% nas parlamentares de 2010.

O último comício de Chávez foi um ato de duas caras: toda a máquina do Estado e seus funcionários voltados para a campanha -um agente do metrô contou que listas de presença e até confisco de crachás funcionais acontecem-, mas também uma animada mobilização ao som do jingle interpretado por músicos populares. A música "Chávez, Coração do Povo" deu o tom da campanha, que contou com o marqueteiro do PT João Santana.

RIVAL

Capriles, que encerrou a campanha ontem com enorme comício no Estado de Lara, cobrou eficiência do governo e cumprimento de promessas de quase 14 anos de gestão, arrebatando as maiores multidões não chavistas desde 2004.

A maioria das pesquisas dá boa vantagem a Chávez, mas ao menos uma delas, considerada reputada, dá empate técnico entre os dois, com leve dianteira de Capriles.

O presidente, que passou por três cirurgias para tratar um câncer do qual não divulga detalhes, dosou aparições na campanha, mas fez maratona na reta final.

Conseguiu retirar a doença da agenda de campanha, ainda que rumores sobre sua saúde persistam. "Obrigado à vida por ter me dado tanto!", disse o presidente ontem, lembrando a mais famosa canção da chilena Violeta Parra (1917-1967). "Aqui está Chávez de pé com vocês!"

Para o operário Jorge Luís, 42, Chávez "demonstrou" que está bem. "Mostrou sua força de vontade, se entregou ao povo, para que a gente tenha força de vontade também", disse ele, que viajou oito horas de ônibus pago pelo governo para chegar ao ato.

Luís trabalha para o programa de habitação estatal e fez ensino técnico pago pelo Estado. "A gente vem por dever de gratidão. Ninguém nunca fez o que ele fez."

"Chávez conseguiu bloquear a discussão sobre sua saúde e sobre a sucessão em seu partido", disse Luis Vicente León, presidente do instituto de pesquisas Datanálisis, em evento exibido online pelo "think-tank" Wilson Center, de Washington.

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