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China retalia Japão e boicota reunião do FMI

Lagarde lamentou ausência e aconselhou país a ser 'membro pleno' da economia global

FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TÓQUIO

Em mais um sinal de que a crise entre as duas maiores potências asiáticas está longe do fim, o governo chinês cancelou a participação do seu alto escalão econômico na reunião anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), que ocorre nesta semana em Tóquio.

O ministro das Finanças, Xie Xuren, e o presidente (chamado de governador) do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, enviarão representantes ao evento, que tampouco contará com a habitual participação dos quatro maiores bancos da China, todos estatais.

Tanto Xie quanto Zhou alegaram problemas de agenda, mas relatos na imprensa estatal chinesa sobre o cancelamento deixam claro que a ausência está relacionada à disputa territorial.

"Dada a situação atual das ilhas Diaoyu [chamadas de Senkaku pelos japoneses], não há maneira pela qual possamos participar do evento", disse um alto funcionário de um dos quatro bancos ao jornal "Diário Jovem de Pequim", sob a condição do anonimato.

A atitude chinesa foi criticada ontem por Tóquio: "O não comparecimento [do presidente do banco central chinês] no encontro FMI-Bird não é ruim apenas para as relações sino-japonesas, mas também para a economia mundial", disse o chanceler japonês, Koichiro Gemba.

"Acredito que não será positivo para a China, considerando como a comunidade internacional verá a ação."

O cancelamento foi o principal assunto das perguntas na entrevista coletiva da diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, hoje de manhã (horário local).

A francesa lamentou a ausência chinesa e aconselhou o país a ser "um membro pleno da economia mundial". Ela chegou a ironizar o não comparecimento, dizendo que os dirigentes perderão "as árvores", em alusão ao outono.

A crise começou há cerca de um mês, quando o governo japonês anunciou a compra do arquipélago de mãos privadas -ele é gerido por Tóquio, mas reivindicado pela China e por Taiwan.

A nacionalização provocou duras críticas de Pequim e uma série de protestos pela China contra alvos japoneses, incluindo representações diplomáticas e fábricas.

A crise já provoca estragos econômicos, principalmente para os japoneses, com o cancelamento de viagens de dezenas de milhares de chineses. A venda de carros de marcas japonesas na China também despencou.

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