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Avião sírio levava carga ilegal, diz Turquia

Rússia e Síria negam envio de material militar e protestam contra ação turca; Vladimir Putin cancela visita a Ancara

Aeronave civil com 35 passageiros voava para Damasco quando foi interceptada e obrigada a pousar em Ancara

Manu Brabo/Associated Press
Homem chora a morte do irmão pelo Exército sírio, em Aleppo
Homem chora a morte do irmão pelo Exército sírio, em Aleppo

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

O avião de passageiros sírio interceptado no espaço aéreo da Turquia na quarta-feira transportava material militar russo destinado ao Ministério da Defesa da Síria, afirmou ontem o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan.

O incidente não só manteve o tom de confronto da Turquia com a Síria, como criou um ponto de fricção na relação com a Rússia, um dos principais (e únicos) aliados de Damasco.

Moscou protestou contra a interceptação turca, na qual caças F-16 forçaram o avião a pousar e acusou Ancara de colocar em perigo os passageiros russos.

O governo russo negou com veemência o envio de material militar no avião. O premiê turco diz o contrário.

"A agência de exportação de armas russa foi a origem e o destinatário era o Ministério da Defesa sírio. O material foi confiscado e está sendo examinado", disse Erdogan.

Após oito horas em solo turco, o avião sírio decolou rumo a Damasco.

O premiê turco não detalhou o tipo de material militar confiscado, limitando-se a dizer que era uma carga proibida "pelas regras internacionais".

Em meio ao mal-estar nas relações Ancara-Moscou, foi confirmado o cancelamento da visita que o presidente russo, Vladimir Putin, faria à Turquia no domingo.

Erdogan garantiu, porém, que a decisão nada tinha a ver com o avião apreendido.

A Síria negou que o Airbus A320 da Syrian Air com 35 passageiros, metade deles russos, levasse carga ilegal.

A maioria do arsenal militar sírio é de origem russa, fruto de parceria dos tempos soviéticos, mas Moscou nega fornecer armas para a repressão à revolta contra o regime.

A apreensão causa estranheza, porque Moscou mantém uma base naval em Tartus, na costa mediterrânea da Síria, e teria outras formas de enviar armas sem esbarrar na Turquia, o maior crítico do ditador sírio, Bashar Assad.

Autoridades sírias citadas pela agência estatal Sana classificaram de ilegais a apreensão e a vistoria do avião, disseram que a tripulação foi destratada num ato hostil da Síria e prometeram apresentar um protesto por meio da agência de aviação internacional.

De acordo com a imprensa turca, o material apreendido tinha equipamentos de guerra eletrônica, peças de mísseis e componentes de bombas, informou o canal NTV, com base em exames de laboratório da polícia.

As tensas relações entre Turquia e Síria se transformaram em confronto militar há pouco mais de uma semana. A Turquia respondeu logo após cinco civis serem mortos em seu território por um morteiro disparado da Síria.

DILEMA

A ação da artilharia se prolongou por vários dias, ressaltando o dilema do governo turco, entre o apoio à oposição síria e os riscos de uma intervenção direta na guerra civil. Milhares se reuniram em Istambul na quarta em repúdio a uma guerra.

Erdogan insiste em que não há solução para a crise síria sem a saída de Assad, mas na imprensa turca não faltam alertas de que o que está ruim pode piorar.

"O maior perigo para Ancara é a possibilidade de que os membros da Al Qaeda na oposição se fortaleçam no meio do caos", escreveu o colunista Abdulhamit Bilici na imprensa local.

Na Síria, a guerra se intensificou na província de Idlib, próxima da fronteira turca, com uma ofensiva rebelde para tomar uma cidade estratégica do eixo norte-sul.

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