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Eleições EUA

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Vices adotam tom agressivo em debate

Democrata Biden foi irônico ao se contrapor ao republicano Ryan; discussão foi mais vívida que a dos presidenciáveis

Candidatos divergiram sobre ação americana no Oriente Médio e propostas para lidar com a crise econômica

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Em um debate mais agressivo e vívido do que o dos presidenciáveis, na semana anterior, os candidatos a vice nos EUA se engalfinharam ontem sobre a política para a Líbia, o Irã, a Síria e o Afeganistão e ao discutirem o sistema de saúde e de impostos.

Instigados por uma mediadora incisiva -a repórter Martha Raddatz, da rede de TV ABC-, o senador Joe Biden (vice de Barack Obama) e o deputado Paul Ryan (vice de Mitt Romney) rechearam suas respostas com detalhes das plataformas partidárias que as respostas dos cabeças de chapa jamais ofereceram.

Ao fim do confronto, um grupo de eleitores indecisos monitorado pela TV CNN apontou empate. Já a pesquisa instantânea com um grupo maior deu empate técnico, com vantagem numérica para Ryan -48% a 44%.

Apesar da responsabilidade de reverter o avanço da chapa republicana após o primeiro debate, vencido por Romney, o democrata Biden pareceu mais à vontade.

Pode, no entanto, ter errado a dose. Sua tática arriscada, de rir das respostas do oponente, visava transmitir ao espectador a impressão de que o senador de 69 anos é muito mais experiente que o deputado de 42.

Mas foi, em parte, vista como arrogância. Após abusar do cacoete, Biden passou a ser criticado pela base democrata no Twitter e parou.

A mediadora iniciou o debate acuando Biden, ao indagar sobre a atrapalhada reação do governo Obama à morte do embaixador americano Chris Stevens por extremistas na Líbia em 11 de setembro.

Desde então, o governo vem se retratando de ter rechaçado a possibilidade de uma ação terrorista e descrito o ocorrido como efeito colateral dos protestos no Oriente Médio em reação a um filme ofensivo ao islã.

Ryan soube usar a pergunta para delinear a imagem de um Obama frágil e confuso, o que tentou manter na resposta seguinte, sobre o Irã.

Biden, porém, foi incisivo ao dizer que "uma guerra tem de ser sempre o último recurso", mas que o governo Obama "não deixará os iranianos produzirem uma bomba nuclear, ponto final".

MAPAS E NÚMEROS

O democrata, que presidiu a comissão de política externa do Senado, saiu-se melhor nas respostas sobre o tema.

Já Ryan, que dirigiu a comissão orçamentária da Câmara, mostrou domínio dos números, mas se atrapalhou ao explicar como os republicanos aumentariam os gastos da Defesa sem subir impostos -bandeira do partido.

A plateia de indecisos pareceu preferir as respostas do senador sobre impostos e a reforma da saúde. Mais de uma vez, Raddatz teve de cobrar de Ryan sua alternativa.

Respostas melhores, porém, não deram a vitória ao democrata, que perdeu pontos com o sarcasmo ante o rival, a quem chamava o tempo todo de "meu amigo".

Ryan também soube usar bem o tempo para defender Romney e foi especialmente hábil ao dizer que seu candidato se preocupa com 100% dos americanos -alusão à frase do presidenciável de que 47% do eleitorado estava perdido para ele por "depender do governo".

"Acho que o vice-presidente sabe muito bem que, às vezes, as palavras não saem da nossa boca de um jeito muito certo", afirmou. Biden é pródigo em gafes, embora ontem tenha passado ileso.

O confronto no Centre College, em Danville (Kentucky), segue a reviravolta na narrativa eleitoral detonada pelo primeiro debate presidencial.

A vitória de Romney na ocasião apagou a vantagem de quatro pontos construída por Obama em setembro, e os dois estão agora tecnicamente empatados nas pesquisas.

O próximo confronto entre os candidatos à Casa Branca está marcado para esta terça-feira, 16 de outubro. Os americanos vão às urnas no dia 6 de novembro.

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