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eleições EUA

Se vencer, Romney deve pedir ao Brasil que reveja relação com Irã

À Folha assessor do republicano pede que país 'corteje' EUA para ter assento em Conselho da ONU

Presidenciável também admite tratado para encerrar bitributação de produtos e empresas, mas deve manter visto

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Um eventual governo Mitt Romney nos EUA estaria aberto a debater seu apoio à elevação do Brasil a uma vaga fixa no Conselho de Segurança da ONU, contanto que o país lhe retribuísse o "cortejo" e revisse a relação com o Irã, que atrai a atenção do presidenciável republicano.

A informação foi dada à Folha por um assessor da campanha de Romney familiarizado com a formulação da política externa, que pediu para não ser identificado.

Ele insiste que o Brasil, embora pouco citado, tem papel central no plano do candidato para a América Latina, ao lado de México e Colômbia.

"Sabemos que o apoio dos EUA [ao Brasil como membro permanente do Conselho] seria significativo, e o presidente Barack Obama não o deu. É uma questão que estaria aberta à discussão com o Brasil sob Romney", diz.

"Mas o cortejo teria de ser recíproco, dada a relação do Brasil com países como o Irã, de um lado, e de outro, o papel construtivo desempenhado em países como o Haiti."

O assessor, que frisa que um governo republicano apoiaria a reforma da ONU, mas estaria "menos enamorado" de instituições multilaterais do que o de Barack Obama, não quis dar detalhes sobre as condições dessa "discussão". Disse que estes só viriam uma vez que o republicano se elegesse.

Dada a preocupação com a crise econômica e o foco da política externa no Oriente Médio e na China, a América Latina tem sido um tema raramente abordado tanto por Obama quanto por Romney.

A relação de países da região com o regime de Mahmoud Ahmadinejad no Irã, porém, é uma preocupação do republicano, sobretudo no caso da Venezuela.

Ainda assim, o laço com Teerã não parece ser empecilho para a intensificação dos negócios com o Brasil, na visão da equipe republicana.

ACENOS

O maior pleito do candidato para a região, em discursos e debates, é aumentar os tratados de livre comércio.

Embora o instrumento não caiba ao Brasil (que teria que negociar um tratado junto com o Mercosul, incluindo a Venezuela), o país é objeto do desejo do empresariado americano, e Romney sabe disso.

"O maior objetivo é um movimento que melhore as relações comerciais com o Brasil. Existe [na equipe] consciência da importância do Brasil, é este o subtexto na mensagem de Romney de promover mais comércio na região", afirma a fonte.

"Não precisa ser necessariamente um acordo de livre comércio. Nem todo namoro vira casamento."

Entre as possibilidades estudadas estão três demandas do empresariado brasileiro -um tratado para evitar a bitributação de produtos e empresas nos dois países; a possibilidade de reduzir os subsídios nos EUA; e mecanismos que facilitem a entrada de produtos brasileiros.

A Embraer, que teve cancelada sua vitória em uma licitação para vender turboélices Super Tucano à Defesa americana, foi especificamente citada pela fonte.

O republicano defende ainda o Brasil como parceiro ativo no diálogo sobre narcotráfico e crimes transnacionais, problemas crescentes.

Também vê com bons olhos o programa Ciência Sem Fronteira, para aumentar o número de universitários do Brasil no exterior, mas não prevê que brasileiros sejam dispensados do visto.

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