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Análise

Rivais esbarram no fato de que política externa não é prioridade para eleitores

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Poucos assuntos separam tanto Barack Obama e Mitt Romney quanto política externa, tema do último debate da campanha.

Líbia, Irã, Síria, Afeganistão, China, multilateralismo: em tudo os dois divergem sobre o tema, no qual Romney não recuou em seu discurso desde o início da campanha, como fez em economia, seguro-saúde, educação e outros.

Obama começou o debate atirando. Não tinha muita alternativa, com sua liderança nas pesquisas em erosão.

Referiu-se à declaração de Romney de que a Rússia é a maior ameaça geopolítica aos EUA ("sua política externa é dos anos 80") e não deixou de cutucar o adversário na economia ("sua política econômica é dos anos 20").

Romney, na defensiva numa área em que sua experiência é mínima, reagiu relativamente bem ("atacar-me não ajuda a defesa do país").

O presidente elencou incoerências no discurso do adversário e construiu um bom argumento: "Aprendi que é preciso ser claro, tanto para os inimigos quanto para os aliados".

Desde o início do debate, Obama demonstrou mais segurança, firmeza e confiança em relação a essas questões do que Romney, que deixou escapar (como no encontro anterior) um tema que lhe era claramente favorável: as muitas incertezas do discurso da Casa Branca após o atentado que matou o embaixador americano na Líbia.

Assim continuou até o fim, com Obama, por exemplo, realçando com ênfase a morte de Osama bin Laden.

O problema para o presidente é a improbabilidade de que política externa seja a prioridade para definir o voto da maioria dos eleitores.

Por isso, ele e o oponente procuraram atalhos para discutir economia, que ainda é o que mais interessa ao país.

Romney falou até sobre a América Latina, única vez em que o subcontinente foi citado, para dizer que a região oferece grandes chances de vantagens para os EUA.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa"

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