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Eleições EUA

Pleitos do Brasil não serão prioridade se Obama vencer

Assessor Dan Restrepo rejeita avanços imediatos sobre Conselho da ONU e vistos

Conselheiro para as Américas até julho e hoje na campanha, ele diz que fim do visto deve ocorrer só após 2013

LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A BOCA RATON

Eventual segundo mandato de Barack Obama na Casa Branca não trará ao Brasil o cobiçado apoio americano à vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, nem fará avançar mais depressa o processo para isentar brasileiros de vistos, diz o principal assessor do democrata para a América Latina.

Segundo Dan Restrepo, que até julho respondia pelo hemisfério ocidental (Américas) no importante Conselho de Segurança Nacional do presidente e hoje é seu consultor de campanha, não deve haver mudança significativa nas relações bilaterais.

"Houve aumento dos diálogos [EUA- Brasil] no primeiro mandato, e vejo a tendência de continuar esses esforços, ampliar laços comerciais e aumentar o número de iniciativas conjuntas", disse Restrepo à Folha em conversa anteontem nos bastidores do debate presidencial.

Indagado se algo mudaria na posição americana sobre a candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU, Restrepo riu.

"Você sabe a resposta. Obama já deixou clara sua posição, não acho que vá mudá-la. É um assunto que tem sido debatido pelos dois presidentes, embora, estranhamente, mal tenha sido abordado na visita da presidente [Dilma] Rousseff [em abril]", afirmou, evitando detalhar.

Quando esteve no Brasil em 2011, Obama disse ter "apreço" pelo pleito brasileiro de tornar-se membro fixo quando o Conselho for reformado, se as atuais cinco vagas permanentes forem expandidas. Mas não declarou apoio, como fizera com a Índia, um aliado nuclear e estratégico.

"De qualquer forma, Obama é a favor de reformas na governança global, e deixou isso claro com o aumento do papel do G20 [20 países mais ricos, que inclui o Brasil, em contraposição ao G8] e na reestruturação do FMI."

O conselheiro foi pouco claro sobre o "aumento de diálogos". Só na área econômica, os dois países mantêm dez iniciativas, o que, segundo observadores, dilui esforços. "Mas algumas devem ser passadas ao nível ministerial, para que os presidentes foquem no que precisa avançar."

Um tema seria segurança -ele cita o crescimento do crime organizado na região como preocupante, e prevê aumento da colaboração com o Brasil e outros países.

A ambição comercial dos dois lados também envolve a facilitação da emissão de vistos a brasileiros, que cada dia visitam mais o país, e um diálogo em curso para suspender a exigência do documento, ambos promovidos por Obama com aval do Congresso americano.

"Isso está avançando e vai acontecer, só não acho que seja algo muito rápido", declarou Restrepo. "Não esperaria nada para o próximo ano."

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