Gaza tem escalada de violência e 4 mortos

O clima festivo na faixa de Gaza durou pouco. Um dia após receber o emir do Qatar, na primeira visita de um chefe de Estado desde 2007, o território palestino voltou ontem ao ciclo de violência entre extremistas islamitas e o Exército israelense.

Mais de 70 foguetes foram disparados na direção de Israel, danificando várias casas, forçando milhares de pessoas a se refugiar em abrigos e deixando seis feridos, dois em estado grave.

Israel respondeu com uma série de bombardeios contra milícias responsáveis pelos disparos. Quatro palestinos foram mortos, três deles membros do Hamas, o grupo islâmico que controla Gaza.

A escalada de violência ressalta a fragilidade da trégua não declarada em vigor nos últimos anos entre Israel e o Hamas, e o risco de um grande confronto que, segundo analistas, não interessa a nenhum dos lados.

O braço armado do Hamas assumiu a autoria dos disparos contra Israel, como resposta à "permanente agressão contra o povo palestino".

Ao longo do dia, a Folha pôde ouvir diversos estrondos da cidade de Gaza, onde ocorreram duas explosões que não deixaram vítimas.

Num descampado, entre plantações de hortaliças e laranjas, um míssil israelense abriu um rombo de cinco metros de diâmetro, onde moradores disseram ter visto, pouco antes, militantes disparando foguetes.

Alegando razões de segurança, o Hamas fechou a saída de Gaza, impedindo que cerca de 30 membros de grupos humanitários e jornalistas cruzassem a divisa em direção a Israel.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, insinuou que poderá considerar uma incursão terrestre na faixa de Gaza caso os foguetes continuem a atingir o país.

"Não escolhemos nem iniciamos essa escalada", disse o premiê, durante visita a uma bateria do sistema antimísseis Domo de Ferro, no sul do país. "Mas, se ela continuar, estamos preparados para uma ação bem mais extensa e profunda".

Segundo o Exército israelense, 79 foguetes atingiram Israel e oito foram interceptados pelo Domo de Ferro. O ministro da Defesa, Ehud Barak, também indicou que a resposta israelense continuará, prometendo que o Hamas "receberá seu castigo".

Em entrevista à Folha, o xeque palestino Khader Habib, um dos líderes do grupo extremista Jihad Islâmico, acusou o governo israelense de instigar a escalada militar com fins eleitoreiros.

"A principal razão dessa escalada é a eleição que se aproxima em Israel", disse ele, em referência ao pleito marcado para janeiro. "O sangue palestino sempre rende votos em Israel".

No fim do dia, fontes do governo palestino em Gaza informaram que um cessar-fogo estava sendo intermediado pelo Egito.