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China acusa o 'NYT' de difamar o país

Pequim censurou páginas em inglês e chinês em reação a reportagem sobre riqueza da família do premiê Wen Jiabao

Jornal reage a bloqueio; agências oficiais dizem que dirigente Bo Xilai foi indiciado pela Justiça por corrupção

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Pequim acusou ontem o jornal americano "The New York Times" de "difamar a imagem da China por motivos ocultos".

Foi uma reação à reportagem publicada anteontem sobre a fortuna da família do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, estimada em US$ 2,7 bilhões.

"Este tipo de artigo difama a China e obedece a preconceitos", declarou Hong Lei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

As edições eletrônicas do "NYT" em inglês e em chinês foram bloqueadas.

As autoridades do país também barraram o acesso no principal serviço de microblogs do país, Sina Weibo, a buscas com "Wen Jiabao" ou "New York Times".

De acordo com a reportagem do jornal americano, os familiares de Wen (incluindo a mãe, os filhos, seu irmão mais novo e seu cunhado) podem ter se aproveitado do poder do premiê, que assumiu o cargo em 2003, para acumular fortuna nos negócios.

O tema é sensível na China porque cresce o descontentamento social com a disparidade de renda e desigualdade e com casos de corrupção envolvendo dirigentes do Partido Comunista.

Wen, considerado um dos únicos da cúpula comunista com algum apelo popular, deve deixar o cargo de premiê no processo de transição política do mês que vem.

Em 8 de novembro começa o 18º Congresso do Partido Comunista, durante o qual se renovará o Comitê Permanente da legenda, a cúpula que comanda o país.

Não é primeira vez neste ano que reportagens sobre a riqueza de dirigentes provocam censura.

Em junho, a Bloomberg publicou reportagem sobre o patrimônio da família do atual vice Xi Jinping -ele deve ser confirmado como o líder máximo da China no congresso. O site da agência está bloqueado no país desde então.

Citada numa reportagem do jornal, a porta-voz do "New York Times", Eileen Murphy, disse ontem esperar que o acesso aos sites do grupo na China seja restabelecido em breve.

Em nota, o "NYT" também defendeu o site em chinês: "A resposta para nosso site sugere que 'The New York Times' pode ter um importante papel nos esforços do governo para aumentar a qualidade do jornalismo disponível ao povo chinês".

CASO BO

Ontem, órgãos oficiais de notícias da China informaram que o dirigente chinês Bo Xilai foi formalmente indiciado por corrupção, abuso de poder e outros crimes momentos depois de ele ser excluído da Assembleia Nacional Popular(ANP) e perder a imunidade ante a Justiça.

O anúncio abre caminho para que Bo, que era um candidato a participar da cúpula do governo chinês até cair em desgraça neste ano, enfrente um julgamento que provavelmente lhe renderá uma longa pena de prisão.

A agência oficial Xinhua mencionou que os procuradores decidiram "impor medidas coercitivas contra ele", possivelmente uma referência de que ele está agora oficialmente preso. O governo parece querer resolver o caso antes do início do congresso.

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