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Transição Chinesa

Segurança na China bloqueia de Google até janela de táxis

Objetivo é evitar que manifestantes joguem panfletos durante Congresso do PC

Facas e brinquedos que voam sofrem restrições; cidadãos ironizam em microblogs a censura, ampliada pelo evento

David Gray/Reuters
Delegados tibetanos no Congresso posam em trajes típicos
Delegados tibetanos no Congresso posam em trajes típicos
FABIANO MAISONNAVE DE PEQUIM

O governo chinês lançou mão de inéditas, sofisticadas e truculentas medidas de segurança em torno do coreografado 18º Congresso do Partido Comunista, inaugurado na última quinta e que indicará, daqui a quatro dias, a nova cúpula política do país.

"Sempre que há um Congresso do partido, a segurança fica bem estrita em Pequim, mas neste ano o nível é muito maior", diz o consultor americano James McGregor, no país há 25 anos.

As precauções inéditas incluem ordem para que os táxis de Pequim tranquem suas janelas, com o objetivo de impedir que eventuais manifestantes lancem panfletos. "Quando a reunião terminar, poderemos abrir as janelas", disse um taxista ontem.

Também foi vetada a venda de facas de cozinha na cidade. Brinquedos que voam (aviõezinhos e balões) só podem ser adquiridos após preenchimento de formulário e apresentação de documento.

Em hotéis de Pequim, BBC e CNN foram retiradas do ar, e na livraria Bookworm, os livros sobre China em inglês -muitos banidos no país- deixaram de ser expostos.

O Congresso também afetou a internet, cuja velocidade diminuiu consideravelmente nos últimos dias.

Uma das principais vítimas é o Google, cujos serviços, incluindo o de correio eletrônico, chegaram a ficar inacessíveis por quase toda a sexta.

"Nunca antes tantas pessoas haviam sido afetadas pela decisão de bloquear um website", afirmou o blog Greatfire.org, especializado em monitorar a internet chinesa, sobre o Google, o quinto site mais visitado do país.

'PAÍS DAS MARAVILHAS'

A censura impede até o uso de VPN, pelos quais é possível entrar em sites permanentemente proibidos no país, como o Facebook e o Twitter.

Na medida mais truculenta, o governo chinês intimidou dissidentes a não dar entrevistas durante o Congresso, que credenciou cerca de 1.700 jornalistas. Há relatos de que foram retirados de Pequim e de que serão punidos caso não fiquem em silêncio.

As medidas vêm sendo bastante ironizadas pelos chineses nos microblogs. "O pessoal do 'Diário do Povo' e da CCTV tem medo de panfletos. Os encarregados dos agentes de segurança têm medo de faca de cozinha. Os encarregados dos caças de combate invisíveis estão com medo de aviões de brinquedo e balões. Estou vivendo dentro de 'Alice no País das Maravilhas'?", escreveu Yao Bo, um popular "comentarista público".

Ao mesmo tempo, o partido tenta passar uma imagem de coesão e disciplina no Congresso, que na quinta-feira deve confirmar Xi Jinping (pronuncia-se "si jinping") como futuro líder máximo.

Na abertura, militares uniformizados e dirigentes engravatados sentavam ao lado de delegados das minorias do país, como tibetanos e uigures, em vistosos trajes típicos.

A imprensa tem acesso restrito ao Congresso, embora consiga fazer entrevistas improvisadas em intervalos e haja encontros programados com representantes do partido de escalões menores.

Na página do Congresso, pode-se preencher formulário com pedidos de entrevista. "Posso pedir um encontro com Xi Jinping?", perguntou este repórter. "Pode, mas não vai conseguir", respondeu um funcionário do centro de imprensa, sorrindo amarelo.


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