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Paquistanesas atacadas por extremistas voltam à escola

Garotas estavam com a ativista Malala e foram alvos de tiros do Taleban

Policiais fazem escolta das duas meninas e a proteção do colégio em frente ao qual elas foram alvejadas

Anja Niedringhaus - 14.nov.2012/Associated Press
A estudante paquistanesa Shazia Ramazan, 13, posa para foto em sua casa, na cidade de Mingora, no vale do Swat
A estudante paquistanesa Shazia Ramazan, 13, posa para foto em sua casa, na cidade de Mingora, no vale do Swat
KATHY GANNON DA ASSOCIATED PRESS, EM MINGORA (PAQUISTÃO)

Os sonhos se repetiram durante um mês. A voz, os tiros, o sangue. Sua amiga Malala caída. Shazia Ramazan, 13, foi ferida pelo mesmo pistoleiro taleban que atirou em sua amiga Malala Yousafzai.

Ela retornou para casa na semana passada, após passar um mês no hospital, onde teve que reaprender a usar sua mão e seu braço esquerdos. As memórias das balas do Taleban que a feriram permanecem, mas Shazia saúda o futuro.

"Por muito tempo pareceu que o medo estava em meu coração", disse. "Eu não podia fazer nada. Mas agora não sinto medo." Ela esfregou sua mão esquerda, atravessada de lado a lado por uma bala, logo abaixo do polegar.

Agora Shazia e sua amiga Kainat Riaz, que também foi atingida, estão voltando à escola pela primeira vez desde o ataque de 8 de outubro, em que um homem do Taleban abriu fogo contra Malala diante da Escola Feminina Khushal, ferindo Shazia e Kainat na saraivada de balas.

O Taleban atacou Malala devido à objeção declarada e constante dela à interpretação regressiva que o grupo faz do islã, que obriga as mulheres a ficar em casa e impede meninas de ir à escola.

Malala ainda está passando por tratamento médico e não pode voltar para casa. Mas, entre suas amigas em sua cidade natal de Mingora, no idílico vale do rio Swat, ela é vista como heroína.

"Malala foi muito corajosa e sempre foi amiga de todo o mundo. Temos orgulho dela", disse Kainat, 16. Descendente de uma longa linhagem de educadores em sua família, Kainat está ansiosa por voltar à escola. "Quero estudar. Não tenho medo."

Mas as autoridades querem evitar riscos. Policiais armados foram enviados para as casas de Shazia e Kainat e vão escoltar as duas à escola.

A casa de Kainat fica escondida atrás de muros altos, com portões de aço de quase 3 metros de altura, num bairro de construções quadradas de cimento marrom. Um esgoto malcheiroso a céu aberto corre ao longo da rua patrulhada por policiais armados que olham para todo o mundo com desconfiança.

Diante da casa de Shazai, um policial usando colete à prova de balas descansa numa cadeira de plástico, com um Kalashnikov sobre os joelhos. Três policiais patrulham uma ruela estreita nas proximidades.

Shazia, que tem a ambição de tornar-se médica do Exército, é uma adolescente teimosa. Ela não quer a escolta policial. "Eles dizem que preciso da polícia. Mas eu digo que não preciso", afirma.

"Não quero que a polícia venha comigo à escola, porque assim vou me destacar entre as outras estudantes. Mas não devia me destacar."

Na escola, as estudantes criticam o Taleban e exibem um pôster gigante de Malala. A escola, que tem mais de 500 alunas, fechou as portas apenas brevemente no auge do domínio Taleban sobre a região -2008 e início de 2009.

Foi nessa época que Malala começou a escrever seu blog, registrando seu repúdio aos decretos do Taleban proibindo as meninas de ir à escola.

Tradução de CLARA ALLAIN


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