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Análise zona do Euro

Acordo alivia a Grécia, mas ainda há desafios

Redução da dívida depende de o país continuar com suas reformas, de alto custo para a sociedade e o crescimento

A Grécia foi o país do Euro que promoveu mais reformas neste ano; essa política teve alto custo para o desemprego

ELENA LAZAROU ESPECIAL PARA A FOLHA

"Amanhã será um novo dia para todos os gregos". Essas foram as palavras com as quais o primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, anunciou o novo acordo, concluído na madrugada de ontem pelos ministros da zona do euro e pelo FMI.

Entre outras coisas, o acordo prevê a redução da dívida grega e medidas menos rigorosas para captação de recursos, incluindo juros mais baixos e períodos mais longos nos empréstimos.

O acordo também prevê o retorno para a Grécia dos lucros obtidos pelo Banco Central Europeu com os títulos desse país. Alguns comentaristas viram esse fato como uma decisão de, finalmente, "salvar a Grécia".

De fato, o acordo tem a capacidade de contribuir para uma redução substancial das obrigações gregas em curto e médio prazo, permitindo que o governo formule políticas orientadas para o desenvolvimento e o crescimento, que poderiam levar o país -prestes a entrar em seu quinto ano de crise- a um novo caminho.

Manobras recentes nessa direção incluem a busca por novos investidores em países emergentes, como a China, o Qatar e a Rússia, bem como a negociação de contratos com empresas multinacionais, como a Unilever, para que estas aloquem parte de sua produção na Grécia.

Apesar do comprometimento do governo e do tom otimista, há uma série de desafios a serem enfrentados.

O acordo é uma resposta ao fato de a Grécia ter cumprido os termos do fundo de resgate, tendo cortado gastos no seu Orçamento.

Todas as provisões assinadas serão implementadas sob a condição de a Grécia continuar com as reformas previstas. Esse processo será rigidamente monitorado.

A Grécia foi o país da zona do euro que promoveu mais reformas em 2012, tendo atingido a maior redução do deficit entre os membros da união monetária. Mas essa política teve um alto custo para o bem-estar social, o desemprego e o crescimento econômico. Na medida em que a sociedade reage ao declínio de sua condição de vida, torna-se cada vez mais difícil implementar a disciplina fiscal.

Ao mesmo tempo, os credores da Grécia enfrentam dificuldades para chegar a um consenso sobre a estratégia ideal para lidar com o país endividado.

Enquanto analistas ressaltam que a austeridade não está ajudando, a politização na Europa acerca do acordo de resgate restringe as opções dos demais líderes.

Muito dependerá dos atores nacionais gregos, do desenrolar da conjuntura política nos países da UE e, fundamentalmente, do potencial da economia internacional de se recuperar desta crise de caráter global.

Por ora, a próxima transferência de recursos substanciais para a Grécia (€ 34 bilhões) será realizada em 13 de dezembro, na forma de recapitalização dos bancos e redução da dívida pública -o que garantirá boas festas a esse atormentado país, tornando-o mais atraente para potenciais investidores e colocando-o, talvez, no caminho da recuperação econômica.

ELENA LAZAROU é professora e pesquisadora do Centro de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas e doutora pela Universidade de Cambridge


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